A pesquisa em questão tem como objetivo, analisar como os sujeitos reeducandos do Sistema Prisional de Morrinho-GO se percebem na zona de conflito marcada, sobremaneira, entre prisão e liberdade que se manifestam por meio dos enunciados expressos em cartas entregues a extensionistas da Universidade Estadual de Goiás, enquanto desenvolviam um projeto de alfabetização nesse sistema prisional, nos anos de 2007 e 2008. E tem como problemática, responder quais sentidos os dizeres desses reeducandos produzem já que expressam, nas cartas, discursos constituídos pelas instituições disciplinares e subjetivados por esses mesmos reeducandos contrariando o que se espera do esteriótipo de um marginalizado social. Para tal, o objetivo geral é analisar a quebra do estereótipo do sujeito preso nos discursos materializados nas cartas que escrevem de modo espontâneo aos seus interlocutores. Isso significa afirmar que, ao considerar seus discursos e, portanto, permeado por atravessamentos discursivos, é possível observar em primeira instância, que sua voz refrata a ideia construída socialmente pelo senso comum de maneira generalizante que diz que todo preso é um sujeito irrecuperável socialmente, refletindo, assim, um sujeito inscrito no discurso familiar, no discurso religioso; o que justifica a pesquisa em questão. Para tanto, categorizamos enunciados desses reeducandos, identificando-os em formações discursivas de contradições, demonstrando que esse sujeito reeducando oscila, faz um deslocamento frente a seus posicionamentos em relação a si e ao mundo, criando um conflito interno sobre sua condição ora preso, com todo o saber próprio daquele local, ora com o vislumbre da liberdade, trazendo discursos recorrentes da instituição familiar, do Estado, da religião, da educação e de outros aparelhos institucionais identificando essa constituição social do sujeito. Assim, temos o propósito de compreender como esses sujeitos assimilam sua condição de detentos e excluídos sociais e se de fato, os mesmos pregam a ordem de subversão às normas estabelecidas, ou de reprodutores de comportamentos institucionalizados e, ainda mais, se esses discursos se coadunam perfazendo a complexidade do sujeito reeducando que faz emergir discursos frente à situação em que se colocam. Utilizamos para fundamentação teórica desta pesquisa autores que trazem discussões Foucaultianas, bem como próprio Michel Foucault acerca, principalmente das formações discursivas e as contradições nos discursos nas cartas dos reeducandos; também, sobre a escrita de si, como forma de o reeducando fazer-se ouvido e refletir sobre sua própria condição e as relações de saber-poder próprios da condição do cárcere em que o reeducando se insere. Utilizaremos, ainda, autores que tratam sobre os espaços da prisão e as possibilidades do educacional nestes locais. Assim, apresentamos a discussão acerca do sujeito reeducando e as formações discursivas que o colocam sob a ideia construída socialmente de que todo preso é irrecuperável, mas que, se dado a ele oportunidades, garantidas por l...
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