Analisamos o panorama de estudos sobre a etiologia do câncer produzidos ao longo do século XIX e início do século XX. O objetivo foi compreender como os conceitos relacionados aos mecanismos da doença foram construídos e reinterpretados ao longo desse período. Verificamos que o câncer se transformou, durante o século XIX, em uma entidade cada vez mais discutida e estudada. Em grande medida, isso se deveu ao aumento da incidência de pesquisas sobre o funcionamento das células, capitaneadas por estudiosos como Johannes Müller e Rudolf Virchow, cujos trabalhos possibilitaram um melhor entendimento das condições que poderiam favorecer ou determinar o surgimento das células cancerígenas. Por sua vez, no Brasil, a percepção sobre o câncer como um problema de saúde pública começou a mudar no início da primeira década do século XX, a partir dos trabalhos dos médicos Antônio Augusto de Azevedo Sodré e Olympio Viriato Portugal. Isso se deu em meio a um cenário em que a preocupação maior ainda se centrava em doenças de maior impacto social, como a tuberculose.
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