Este artigo é uma reflexão sobre a alimentação enquanto fenômeno social em Cabo Verde, arquipélago do oeste africano. Os dados analisados foram construídos a partir de uma etnografia e suas diversas ferramentas, dentre as quais ressalto a convivência prolongada com os sujeitos de pesquisa e a minha inserção no contexto social pesquisado. O objetivo é mostrar como o alimento é fundamental para a construção de redes de solidariedade e reciprocidade em um contexto de pobreza: a Zona, bairro onde a pesquisa foi realizada entre fevereiro e agosto de 2019 e fevereiro e março de 2020. Analiso as relações entre adultas e crianças para explorar também algumas classificações alimentares e as variações propostas pelas gerações etárias. Dedico uma parcela da análise a pensar o corpo e sua relação com as práticas de cuidado e com a alimentação, conforme concebidos na Zona. Concluo que pensar a alimentação olhando a partir da ótica das crianças e das relações que elas desenvolvem no cotidiano fornece novas possibilidades de se pensar esse fenômeno social.
Este artigo trata de uma dinâmica particular na relação entre adultos e crianças em Cabo Verde, a saber, os castigos físicos. Reflito a partir de um trabalho de campo etnográfico realizado em duas etapas entre 2019 e 2020 com crianças de zero a 12 anos em um bairro periférico da capital de Cabo Verde. Trago dados que permitem argumentar como os castigos (lidos aqui como mecanismos de disciplina) aos quais as crianças são submetidas são parte do campo dos cuidados, contrapondo noções de organismos internacionais acerca da violência à qual a criança está sujeita. Argumento ainda que este campo de cuidados é concebido e elaborado coletivamente pelas pessoas da comunidade em uma lógica de multiplicação dos cuidados ao longo dos circuitos cotidianos das crianças.PALAVRAS-CHAVE: antropologia da criança, castigo, Cabo Verde, cuidado. "You may spank him": reflections on children, care and punishment in Praia, Cape Verde This article deals with a particular dynamic in the relationship between adults and children in Cape Verde, namely, physical punishments. I reflect from an ethnographic fieldwork carried out in two stages between 2019 and 2020 with children from zero to 12 years old in a peripheral neighborhood in the capital of Cape Verde. I bring data that allow to argue how the punishments (read here as mechanisms of discipline) to which children are submitted are part of the field of care, contrasting notions of international organizations about the violence to which the child is subjected. I also argue that care is conceived and elaborated collectively by the people of the community in a logic of multiplication throughout the children's daily circuits.
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