Um modelo de análise dos fundamentos culturais, sociais e políticos da troca 1 André Vereta-Nahoum Os Yawanawá, população nativa do sudoeste amazônico, mantêm trocas entre si e com os brancos que envolvem serviços e objetos produzidos internamente, assim como bens industrializados e dinheiro adquiridos por meio de atividades mercantis e transferências estatais. A circulação desses objetos anima e é animada por relações entre si que não subvertem a ordem da comunidade Yawanawá; ao contrário, muitas dessas transações que envolvem dinheiro e mercadorias alimentam vínculos políticos e familiares e motivam a vivência ritualística dessa sociedade.O propósito deste texto é demonstrar não só o caráter produtivo dessas transações, mas também o trabalho ideológico de subordinação da troca e do consumo a objetivos de reprodução social e cultural. Argumenta-se, portanto, que as transações econômicas estão enredadas em relações sociais e políticas e implicadas em normas culturais, nas quais residem seu sentido último para além de uma satisfação utilitária. Essas relações envolvem afetos, direitos e obrigações, gerando um fluxo de serviços, bens e dinheiro como formas apropriadas de prestação. Por fim, a análise discute tensões resultantes de expectativas diversas envolvendo essas transações.Em vez de enquadrar as transações em categorias genéricas, como regimes de troca, analisam-se dois pares de conversão da dívida, tendo em mente a perspectiva analítica inspirada na obra de Thomas (1991). Conversão da dívida significa a sequência de 1. A produção deste artigo contou com o apoio da Fapesp, por meio de bolsa pós-doutoral (processo 2014/13285-6 Com base em trabalho de campo, complementado por contatos com alguns indígenas em São Paulo ou por via eletrônica, este texto pretende analisar como, entre os Yawanawá, prestações cingidas por lealdade política, pelas obrigações de criação e cuidado das relações de parentesco, assim como por serviços de proteção e cura, geram dívidas recompensadas com dinheiro, bens ou benefícios e, em contrapartida, a maneira pela qual prestações em bens materiais produzem dívidas convertidas em lealdade política e relações de parentesco, além de cultivar a vida ritual. Essas transações têm lugar em meio a três pares que operam a conversão da dívida.Embora apoiado em material etnográfico, este texto é uma abstração analítica -e, nesse caso, não há espaço para dar voz aos atores -com o intuito de descrever fragmentos de um sistema de troca, sua lógica de transformações das obrigações e o sentido conferido às transações, aos objetos e ao dinheiro. A primeira sessão discute as vantagens da perspectiva analítica das conversões da dívida e seus contornos. Em seguida, são examinados dois pares de conversão, em que dinheiro e mercadoria complementam outros meios de cumprir as obrigações, o que mostra o quanto as trocas estão subordinadas a visões e relações específicas a cada sociedade. Ao final, são retomados os principais achados que dão suporte ao emprego da perspectiva analítica aqui proposta para outro...
Entrevista com Viviana Zelizer sobre a produção do livro The Purchase of Intimacy
In the face of a proliferation of texts framing ongoing events and experiences in terms of crisis, a new critical literature has emerged to interrogate the political, moral, and epistemological assumptions and blind spots of this way of understanding the modern world. In this special issue, we engage with this new body of work on crisis by distinguishing between two models—sovereign and distributed. While the sovereign model of crisis fleshes out the link between crisis and political power, the distributed model points to the social fragmentation and confusion that crisis-claims can provoke when they are made outside established institutional channels—when they are distributed across disparate audiences. Understanding the relationship between crisis and sovereignty on the one hand, and between crisis-claims and their audiences on the other, sheds new light on the narrative and performative effects of crisis.
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