Pacientes com epilepsia refratária a tratamento clínico podem favorecer-se de uma cirurgia para remoção do foco epileptiforme cortical ou para interrupção desse foco. Antes da cirurgia, é preciso uma investigação cuidadosa para que o paciente evolua com ausência de crises, de déficits neurológicos e possa melhorar sua qualidade de vida. Victor Horsley (apud Taylor)1 em 1887, descreveu a primeira cirurgia em paciente que apresentava crises parciais motoras. Ele encontrou uma lesão na área motora que foi ulteriormente diagnosticada como um tuberculoma e após a cirurgia as crises puderam ser controladas. Remoção de cicatrizes corticais, decorrentes de traumatismo cranioencefálico, que evoluíram com crises epilépticas, foi descrita por Foerster e Penfield2 em 1930, apresentando resultados positivos no controle das crises, mostrando uma nítida relação entre agressão cortical e crises epilépticas. Contudo, somente com o uso do eletrencefalograma (EEG) por Berger em 1929 (apud Engel)3 foi possível correlacionar alterações neurofisiológicas, observadas em traçados eletrencefalográficos, com lesões cerebrais. Esse exame teve grande contribuição no estudo de pacientes epilépticos, mostrando a localização das descargas paroxísticas focais, essencial em pacientes com epilepsia de difícil controle, pois, muitas vezes, não se encontram lesões estruturais em exames de neuroimagem.
Hemisferectomia para tratar pacientes que apresentam epilepsia de difícil controle passou por diversas modificações visando evitar as seqüelas graves das hemisferectomias anatômicas. A primeira técnica de ressecção envolvendo um hemisfério cerebral inteiro foi sendo substituída por ressecções menores, com desconexão máxima do tecido cerebral remanescente. Os autores fazem uma análise da evolução da técnica de hemisferectomia e apresentam os resultados obtidos com seis crianças operadas, sendo cinco do sexo feminino e uma do masculino. A média de idade era de 30 meses. A técnica cirúrgica usada em quatro casos foi a de hemisferectomia de Rasmussen e em dois casos a de deferentação hemisférica. O exame anatomopatológico revelou encefalite de Rasmussen e quatro casos, síndrome de Sturge-Weber em um e hemimegaloencefalopatia também em um caso.
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