A cidade de Goiânia -objeto da pesquisa proposta ─ guarda em sua profundeza momentos sociais e históricos intensos, comprometidos com os sentimentos da coletividade que cada ser humano materializa em algum lugar do espaço, sua voz dá vida à cidade e a representa. O autor da obra Viver é Devagar constitui um representante Goiânia-GO v. 2, n. 3 dez/2008 p.89-120 página 90 Goiânia-GO v. 2, n. 3 dez/2008 p.89-120 página 93 Goiânia-GO v. 2, n. 3 dez/2008 p.89-120 página 94 RAMOS, 2002, p. 81-82), na tentativa de mostrar que os meios para estudar uma realidade é um movimento circular, e em cada volta, abre-se uma possibilidade: Cada corredor possui diversas portas Cada porta dá para um quarto Cada quarto se comunica com outro Cada outro é ele mesmo sem fim Cada fim recria seu próprio começo Cada começo traz em si a esperança Cada esperança em si a ilusão Cada ilusão é a próxima mentira Cada mentira cria uma realidade Cada realidade some como poeira Cada poeira é um grão Cada grão é soprado pelo vento Cada vento vem de um lugar Cada lugar ocupa um espaço Cada espaço é a sua própria ocupação Cada ocupação delimita um tempo Cada tempo provoca uma espera Cada espera procura uma solução Cada solução não é nada em si mesmo Cada corredor possui diversas portas Não importa se as palavras semeadas na obra literária nasceram da verdade, da imaginação, das lembranças da representação ou de um pouco de tudo, o que importa é que representa um momento histórico, um tempo e um lugar. A literatura é o espelho da sociedade, e a sociedade influencia e/ou modifica a literatura. Narrar e explicar: elos entre geografia e literatura Um pressuposto é congruente nesta análise: a história é constituída por meio de uma organização social complexa, em que espaço, tempo e paisagem podem constituir na perspectiva do geógrafo, balizas para compreendê-la. Além disso, a arte, pelo viés estético, representa os feitos históricos, imagina-os, ironiza-os. O espaço, objeto de investigação da geografia, é responsável por temporalizar os fenômenos que ocorrem na superfície terrestre. Conforme Almeida (2003), Ateliê Geográfico Goiânia-GO v. 2, n. 3 dez/2008 p.89-120 página 95 v. 2, n. 3 dez/2008 p.89-120 página 106