Introdução: A manifestação extrapulmonar da tuberculose apendicular é uma entidade clínica rara, com uma incidência relatada de 0,1–0,6% dos casos, sendo a tuberculose do apêndice causando apendicite aguda ainda menos comum. A tuberculose é hoje a principal causa de óbito por doença infecciosa em pessoas vivendo com vírus da imunodeficiência humana/aids, constituindo um problema de saúde pública em razão de sua morbimortalidade. Objetivo: Relatar caso clínico de coinfecção vírus da imunodeficiência humana e tuberculose apresentando-se como apendicite tuberculosa. Métodos: Estudo descritivo por meio da análise retrospectiva de prontuário médico eletrônico. Resultados: Homem de 23 anos foi admitido em pronto atendimento de hospital de referência apresentando queixas de calafrios, hiporexia, náuseas, vômitos e dor abdominal periumbilical com migração para fossa ilíaca direita, sugerindo apendicite aguda, sendo submetido a apendicectomia. Enquanto aguardava o resultado da biópsia, o paciente evoluiu com tosse seca, febre vespertina e emagrecimento. A tomografia de tórax revelou múltiplos pequenos nódulos, compatíveis com tuberculose miliar. A biópsia do apêndice revelou apendicite granulomatosa, com granulomas com necrose caseosa, teste de bacilos álcool-ácido resistentes positivo e pesquisa de fungos negativa. Em virtude das evidências clínico-patológicas, foi solicitada sorologia para vírus da imunodeficiência humana, com resultado reagente, assim como o Estudo Laboratorial de Doenças Venéreas (1:64) e FTA-ABs. Instituíram-se terapia com benzilpenicilina (sífilis latente tardia) e esquema básico para tuberculose após duas semanas de iniciada terapia antirretroviral, visando minimizar risco de síndrome de reconstituição imune. Quatro meses após houve nova piora, com diagnóstico de tuberculose meníngea, prolongando o esquema de tratamento e com melhora clínica em tratamento ambulatorial. Conclusão: A suspeição clínica de tuberculose como diagnóstico diferencial de apendicite foi essencial para diagnóstico correto e tratamento oportuno do paciente. Uma vez que as infecções sexualmente transmissíveis comumente são diagnosticadas conjuntamente, reforçar políticas públicas de saúde que permitam o diagnóstico precoce do vírus da imunodeficiência humana antes do comprometimento imune severo é fundamental para prevenir infecções oportunistas e evitar a morbimortalidade desses pacientes.
Introdução: Em muitas situações, a aids não é vista como a primeira possibilidade entre os diagnósticos diferenciais. Por isso, neste caso, destaca-se a associação entre intoxicação por cumarínicos e infecção por vírus da imunodeficiência humana, desvendada na revisão de sistemas. Objetivo: Relatar caso clínico de aids concomitante à intoxicação por cumarínicos. Métodos: Estudo descritivo por meio da análise retrospectiva de prontuário médico eletrônico. Resultados: Mulher, 56 anos, diabética e hipertensa, foi internada com rebaixamento do nível de consciência devido a gengivorragia e hematúria maciças. Na ocasião, acompanhantes informaram que paciente fazia uso de varfarina por tromboembolismo pulmonar prévio e anti-inflamatórios por epigastralgia crônica. Ao exame, KPTT e RNI não coaguláveis firmaram o diagnóstico de intoxicação cumarínica, revertida com a administração de vitamina K. Após recobrar a consciência, foi realizada a revisão de sistemas, sendo descobertos emagrecimento de 40 kg em 8 meses, uso frequente de antibióticos por faringoamigdalites de repetição, úlceras em membros inferiores e em vulva. Durante o internamento, apresentou linfopenia, candidíase oroesofágica, além de flogose em joelho esquerdo, sendo diagnosticada artrite séptica tendo as úlceras em membros inferiores como porta de entrada. Baseado nesses achados, foi levantada a hipótese de imunossupressão, como vasculite ou neoplasia, porém o resultado da sorologia para vírus da imunodeficiência humana foi reagente e o diagnóstico final foi aids, tendo como doenças definidoras a síndrome consumptiva associada ao vírus da imunodeficiência humana e candidíase esofágica. A paciente recebeu alta hospitalar após evolução satisfatória do caso, para tratamento ambulatorial. Conclusão: Em enfermarias de clínica médica, diante de casos de manifestações clínicas que sugerem imunossupressão, o diagnóstico de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana deve ser uma das hipóteses diagnósticas. Além disso, fazem-se necessárias medidas de saúde pública que permitam o diagnóstico da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana de forma ambulatorial (como campanhas de rastreio e oferecimento do teste em qualquer consulta médica) antes que progrida para a aids.
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