No início do século XX, a pandemia de gripe espanhola suscitou uma ampla discussão em meio à comunidade cientifica internacional a respeito da sua natureza e do seu agente causal. Através deste artigo, buscamos apresentar algumas das controvérsias que marcaram os debates médicos em torno desta manifestação da influenza, abordando as teorias pré-bacterianas e a noção bacteriana da doença, destacando a proposição de Pfeiffer e a suposição da ação de agentes invisíveis, então chamados vírus filtráveis.
H á pouco mais de três décadas a ciência era objeto que mobilizava escasso interesse em meio aos historiadores. Vista como domínio da reflexão filosófica voltada para o exame lógico-epistemológico ou de profissionais interessados no registro do passado de suas próprias disciplinas, escrevia-se a história da ciên-cia dominada por abordagens que, na maioria, se caracterizavam por análise internalista, atemporal e socialmente desenraizada ou por narrativa convencional, linear, informada pelos postulados do progresso inexorável e da genialidade. A renovação surgida nas abordagens sobre a produção da ciência no âmbito da filosofia e da sociologia a partir de meados do século XX, além das mudanças vivenciadas pela própria disciplina da história no decorrer desse período, contribuiu para ampla redefinição desse quadro.Nos anos recentes a postura negligente foi substituída por interesse crescente em torno da ciência, vista então como uma das formas de saber humano, como produto cultural intrinsecamente vinculado ao processo histórico e social. A percepção de que a ciência e sua produção são historicamente contextualizadas e o diálogo interdisciplinar favoreceram o aumento significativo não apenas de pesquisas, como também dos objetos e problemas propostos para análise, das fontes documentais utilizadas e das opções teóricas de abordagem. No Brasil essa mudança pode ser observada pelo surgimento de sociedades, instituições de pesquisa e programas de pós-graduação; pelo incremento de publicações, periódicos, eventos acadêmicos; pelo estabelecimento de apoio específico através das agências de financiamento; e pela ampliação do público interessado na temática -todos elementos constituintes do que podemos chamar de um processo de constituição do campo da história da ciência no país.O livro Ciência, história e historiografia, publicado em 2008, é bom termômetro para se verificar como a história da ciência foi integrada à agenda dos historiadores e como esse campo de pesquisa foi transformado no país durante esse período. O volume é composto por 28 textos que refletem sobre temas diversos associando história e ciência e produzidos por estudiosos oriundos, quase todos, de instituições de pesquisa do Rio de Janeiro e de São Paulo. Parte dos trabalhos foi originalmente escrita para apresentação no seminário
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