No abstract
Quanta tinta! Quanta tinta! Na França e alhures, toneladas de escritos espalham seu rastro escuro desde há dois ou três anos em s eg ui da à " cr i se ". O s pr opa ga nd is ta s e agitadores servem-se desse tema contra as autoridades e o "governo", contra o capitalismo e o Establishment, acusados de incapacidade. Com "a crise" nos países capitalistas, apela-se para uma outra sociedade, para um "alhures", sem se per guntar muito se o "s ociali smo" escapa hoje ou escapará amanhã às crises.Que quer dizer esta palavra: crise? Ela designa em princípio um momento crítico, uma data separando dois períodos, um corte no tempo. Que quer dizer hoje: "a crise"? Crise de quem? De quê? De sde que se olhe um pouco mais de perto -verdade que não é nova -, e nc ont r a m -s e c r i se s : a c r i s e d i s s o ou daquilo, da juventude, do teatro, do cinema, da unive rsida de, d a mor al, d a cul tura, da agricultura, da filosofia etc. O que não está em crise? Mesmo a teoria, de modo que a t e or i a d a s c r i s e s nã o e s c a p a d a " c r i s e " ! Chega-se a se cogitar que a crise é mais um estado que um instante, que esse estado de crise se normaliza, distinguindo-se pouco da não-crise, q ue, em s uma, a c rise pod e se r e v e l a r e s t i m ul a n t e ou, j us t a m e nt e a o contrário, durável como um estado normal, e que definitivamente o problema não é revelar uma crise ou crises, mas saber onde, por que e como os momentos críticos cessaram de estimular a invenção. C ri se d a Europa ? Ess a hi póte se s e banaliza pelo mundo, exceto na Europa, onde se continua, em Paris como em Londres, em Berlim como em Madri, a crer-se o centro do universo. Qualquer déspota africano ou asiático, bárbaro sangrento ou refinado, Marechal Amin Dada ou Xá do Irã, pode desafiar a Europa e predizer sua humilhação. Por que não? Esses chefes de Estado, da mesma maneira que os chefes de Estado europeus, figuram no novo Gotha mundial, o do MPE. Isto não passa da mais pura verdade: intimada a inventar o novo apelando a suas forças profundas, a Europa oferece um triste espetáculo. Sua fraqueza i de ol óg ic a es tá na me sm a me di da d e sua fraqueza militar. Ela patina na desorientação, GEOUSP -Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 25, pp. 138 -152, 2009
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