tempo livre, lazer e terCiário* Resumo A terciarização moderna vai a par com o aumento do tempo livre e com a formação do mito da sociedade dos ócios. na sociedade contemporânea a separação na forma como é usado o tempo pelos seus elementos traduz a estrutura de divisão social do trabalho, a qual manifesta correspondências marcantes nos usos do tempo. A predominância deste ou daquele tipo de uso, a maneira como o tempo é aproveitado, está muitas vezes, em relação com a condição social dos indivíduos. Estas diferenciações enraízam-se em modificações sociais que tomaram lugar sobretudo no século passado, como sejam a redução dos horários de trabalho, o direito às férias... Actualmente, no processo de terciarização das sociedades urbano/industriais assumem lugar importante uma panóplia de actividades de serviços e de comércio cuja relação com as práticas do tempo livre e do lazer são manifestas. A redução e a delimitação do tempo de trabalho têm como corolário a formação de um tempo livre. Este engloba um tempo de lazer que pode reflectir a importância das formas actuais de massificação do ócio. daí que se possa compreender o grande interesse, por parte dos grandes grupos económicos, pela produção dos ócios e, por consequência, em se apossarem dos espaços que permaneciam menos aproveitados: a alta montanha, o mar, a praia. A variedade de espaços é imensa e apesar de serem espaços de divertimento, descanso e desenvolvimento, são, também, espaços de consumo virados para o ócio, criando, por isso, e para além das pretensões de sociabilização, uma vincada segregação social. no entanto, as práticas do tempo livre e do lazer são marcadas, para além das ambiguidades referidas por dualidades diversas. Estas dualidades evidenciam, tanto no modo de produção como na temporalidade, a fronteira ténue entre lazer e trabalho e *Adaptado do texto com o mesmo título, resultante de uma comunicação apresentada nas IIas Jornadas de Geografia (Coimbra,
fundamentos para uma GeoGrafia do tempo livre* Ce que nous savons de l'espace, nous le tenons des sciences pures. nous le tenons aussi des mythes. Ce que nous savons de l'espace, nous le tenons peut-être du langage, du plus pure et du plus raffiné au plus dense et au plus compact. Ce que nous savons du temps, nous le tenons du corps et des choses en elles-mêmes; de la naissance et de la mort, de semailles et des moissons, du travail, du vieillissement, de la fatigue et de l'usure, de la consommation et des ordures, des astres qui passent au dessus de nous. Ce que nous savon du temps, nous le tenons de nos pratiques et de nos sciences appliquées. Michel serres 'Espace et Temps' in Sur l'aménagement du temps, p. 13. *Texto não publicado, utilizado como texto de apoio para alunos de Geografia e Turismo, Lazer e Património. Última versão em 1992.
notas para uma GeoGrafia do tempo livre* O tempo e o espaçoA atenção ao modo como se usa o tempo nas sociedades industrial e pós-industrial assume hoje uma grande importância e actualidade.A organização socioeconómica contemporânea com as suas manifestações no comportamento dos indivíduos e dos grupos sociais, nas formas de enquadramento jurídico, em suma, na vida quotidiana, leva a pôr e a questionar cada vez mais a problemática do tempo e do espaço. O interesse recente de várias disciplinas do saber é disso um exemplo eloquente.O tempo, sequência de instantes iguais e quantificáveis, inscreve-se na duração e, como o espaço, mede-se em distância. "A linguagem quotidiana, como a linguagem científica fazem uma distinção entre duas noções de tempo: um tempo criador, da génese, da evolução, e um tempo repetitivo, cíclico e vazio, da morte" (Rosnay, 1981: 53).Esta noção tempo expressa-se numa duração. Medido, cronometrado, ritmado, constantemente controlado, impõe-se, hoje, no quotidiano das sociedades ditas "modernas" de uma forma mais globalizante que nunca. Escasso, avaliado como recurso, é rigorosamente contabilizado em todas as instâncias. do tempo de trabalho ao tempo livre, a avaliação do tempo está inserida no nosso quotidiano.Ao tempo associa-se o espaço. Tempo e espaço apresentam-se como noções imprecisas e de contornos vagos nas fronteiras dos seus usos. surgem a todo o momento em diversas linguagens, tornando-se por isso difíceis de definir. são, contudo, necessárias e imprescindíveis em todas essas linguagens. Temas centrais das ciências humanas, tempo e espaço, são também termos da linguagem comum: são, ao mesmo tempo, noções que se referem tanto ao real como ao imaginário colectivo das sociedades. definem-se como duração onde se movem os actores, como um cenário em permanente renovação, *Adaptado do texto com o mesmo título, publicado nos Cadernos de Geografia, 7, 1988. Este texto é uma versão preliminar e parcial de um trabalho mais amplo intitulado "O Espaço, o Tempo e o Ócio", redigido no âmbito de um programa de investigação da linha de acção EPRU do C.E.G. de Lisboa. A Jorge Gaspar e João Ferrão agradeço as sugestões que deram para a sua elaboração
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