O artigo visa refletir sobre um ritual de purificação realizado durante os ritos fúnebres em comunidades tradicionais do sertão baiano, nos quais a socialização e os tabus levantados em consequência da proximidade dos vivos e dos mortos ganham a cena. Buscamos refletir sobre a ressignificação de uma atividade de limpeza do ambiente doméstico, ritual aplicado como atividade própria para o banimento do espírito do morto, bem como dos possíveis perigos representados pela morte e a presença do corpo morto. Para tanto, realizamos entrevistas semiestruturadas via WhatsApp com moradores de três comunidades tradicionais do sertão da Bahia a fim de apreender as ideias centrais desta atividade ritual. Constatamos que os rituais fúnebres têm papel significativo no que condiz à socialização das comunidades sertanejas baianas. Ao passo que evidenciamos a busca por purificação e restabelecimento do cotidiano após o contato ritualizado entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
O livro Diálogos e Abordagens Interdisciplinares apresenta uma série de reflexões e experiências interdisciplinares de diferentes áreas do conhecimento, tais como Língua Portuguesa, Ensino Religioso, Arte, Matemática, Língua Inglesa, Ciências, Geografia, educação de surdos, entre outras. Os autores nos oferecem uma visão abrangente e rica das possibilidades e desafios da educação em diferentes contextos, trazendo exemplos concretos de como a integração entre diferentes disciplinas pode ser aplicada em projetos e pesquisas.
O Ensino Religioso está regulamentado na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), “documento [...] que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, [...], em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação” (BRASIL, 2017, p. 5). A crítica à BNCC elaborada por diversos movimentos de educadores, estudantes e outros segmentos sociais ressalta o retrocesso que se materializa com a implantação dessa nova base normativa, sinalizada na tendência de priorizar uma formação mais orientada para os interesses mercadológicos e tecnicistas do que para uma formação que contribua para desenvolver os diversos potenciais criativos e transformadores dos sujeitos sociais, violando, assim, o direito à educação em direitos humanos, desvalorizando ainda mais a formação em artes e humanidades. Não obstante esse retrocesso identificado na nova base normativa e que atinge mais contundentemente o Ensino Médio, a crítica também observa que nesse contexto o Ensino Religioso, tema deste artigo, desconecta-se das amarras às quais esteve subjugado, ao longo dos séculos, haja vista que a BNCC apresenta, em suas diretrizes, uma disciplina renovada, ao passo que sua constituição parte da censura ao proselitismo, a fim de promover um ambiente de discussão e interlocução de saberes que possibilitem a promoção do “respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil” (BRASIL, 1996). Ao pautar o diálogo e o respeito à diversidade religiosa, o currículo da disciplina de Ensino Religioso apresenta, entre as habilidades a serem adquiridas pelos alunos, os fundamentos, costumes e valores das diferentes religiões, desplugando-se da ideia de catequização ou doutrinação religiosa, característica da disciplina em seus primórdios. Os conteúdos, explorados de forma interdisciplinar, buscam estimular o diálogo pelas vias do conhecimento científico (BRASIL, 1996). A Religião, ao ser pensada como objeto de conhecimento, encontra na Antropologia aparato em conceitos e métodos de trabalho, tanto teóricos como empíricos, para sedimentar uma disciplina capaz de promover reflexões que abordem a diversidade religiosa combatendo a intolerância e o preconceito religioso. Assim, o questionamento que norteia este trabalho paira na intenção de saber: quais as contribuições da Antropologia para o currículo da disciplina de Ensino Religioso? Nesse intento, verificar como conceitos e métodos antropológicos podem ser utilizados na disciplina de Ensino Religioso é o objetivo geral deste texto. Para tanto, apresentamos alguns conceitos-chave da Antropologia relacionando-os à disciplina de Ensino Religioso nos anos finais do Ensino Fundamental. Empiricamente, esboçamos o percurso e resultados de um trabalho de campo realizado em conformidade com os métodos da Antropologia junto aos alunos da Escola de Ensino Fundamental Maria do Socorro Gouveia (EMSG), município de São Gonçalo do Amarante, Ceará.
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