Propósito justificado do tema: Debates a respeito das motivações e impactos dos processos de turistificação de favelas vêm sendo realizados nos últimos anos, em diversos campos de estudos e em diversos países. Objetivo: Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada na favela Santa Marta, cidade do Rio de Janeiro, com a intenção de se investigar os efeitos do turismo de base comunitária nas atividades turísticas que ocorrem naquele local. Metodologia/Design: Para isso, foram realizados dois estudos: o primeiro, quantitativo, investigou as percepções de turistas e de moradores sobre aspectos positivos e negativos do turismo; o segundo, qualitativo, dedicou-se a compreender a cadeia de turismo de base comunitária local. Resultados e originalidade do documento: Os resultados indicam que alternativas de turismo baseadas no empoderamento e no protagonismo dos moradores podem tornar a prática turística em favelas socialmente mais comprometida. A contribuição central da pesquisa é a reflexão sobre a experiência do Turismo de Base Comunitária em ambientes urbanos como as favelas, indicando que a participação ativa dos moradores pode modificar o perfil do turismo, potencializando as trocas culturais em detrimento da simples observação da pobreza. O amadurecimento desse tipo de rede de turismo comunitário está relacionado à desconstrução de estereótipos relacionados às favelas e à obtenção de impactos socioeconômicos e culturais mais positivos e significativos em comparação às formas mais tradicionais de turismo.
O objetivo deste artigo é mapear usos, críticas e controvérsias em torno do que abordamos como dispositivos de (contra)vigilância em favelas no Rio de Janeiro. O termo (contra)vigilância sintetiza dinâmicas sociotécnicas articuladas a partir de dois eixos: dispositivos de vigilância institucionais, como câmeras e drones policiais, que implicam em reações sob formas comunitárias de contra-vigilância, como o intercâmbio de informações por meio de celulares. Sustentamos o seguinte argumento: para compreender as lógicas de ordenamento e controle percebidas em favelas no Rio de Janeiro após a “pacificação”, é necessário acompanhar as estratégias de investigação compulsórias que atravessam o cotidiano dos moradores. Concentramos as nossas atenções à iniciativa Alerta Santa Marta, um sistema integrado de três grupos de WhatsApp que reúne cerca de 700 moradores através de mensagens instantâneas em celulares. Descrições etnográficas sobre situações indeterminadas na favela Santa Marta ilustram como dispositivos de (contra)vigilância tornam possível perceber criticamente e produzir denúncias a partir de processos de investigação coletiva em torno de (i)mobilidades de corpos, objetos e informações nas “margens” urbanas.
O objetivo deste artigo é apresentar uma "biografia cultural" da estátua de Michael Jackson na favela Santa Marta, na cidade do Rio de Janeiro. Examinando o recorte temporal de 2010 a 2018, é dado enfoque a dinâmicas de produção do espaço urbano considerando a mercantilização turística e a violência urbana. As análises expostas são provenientes de uma pesquisa etnográfica realizada mediante interlocuções com uma rede de moradores, empreendedores, guias de turismo e lideranças locais da favela. Debatendo sobre as conexões entre (i)mobilidades de imagens, significados, objetos e corpos conduzidos pelo programa das unidades de polícia pacificadora (UPP), argumenta-se que a "vida social" da estátua na favela pode ser determinada pelos "regimes de valor" em torno de seus usos, disputas e significados no tempo e no espaço.PALAVRAS-CHAVE: espaço urbano, estátua, mobilidades, turismo em favelas, UPP.The "social life" of Michael Jackson's statue in favela Santa Marta, Rio de Janeiro: a mobile perspective over 'regimes of value' The objective of this article is to present a "cultural biography" of the Michael Jackson statue in the Santa Marta favela, in the city of Rio de Janeiro. Examining the time frame between 2010 and 2018, the dynamics of urban space production are focused considering the touristic commodification and urban violence. The exposed analysis come from an ethnographic research carried out under interlocutions with a network of dwellers, entrepreneurs, tour guides and local leaders of the favela. Debating the connections among the (im)mobility of images, meanings, objects and bodies conducted by the pacifying police units (PPU) program, I argue that the "social life" of the statue in the favela can be determined by the "regimes of value" around its uses, disputes and meanings over time and space.
Este artigo analisa usos e efeitos da iniciativa de comunicação comunitária “Alerta Santa Marta” para explorar reconfigurações entre performances políticas na primeira favela a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Apresentamos um recorte etnográfico que trata especificamente da emergência de novas sociabilidades em articulações entre violência urbana, comunicação comunitária e política na favela. Organizamos nossas analises a partir da descrição de uma reunião de moradores com representantes da Polícia Militar que foi conquistada após uma sequência de protestos organizados a partir de trocas de mensagens por WhatsApp. Partimos de críticas locais constitutivas de uma “luta por direitos” contra a violência policial, condições de precariedade e formas de controle na favela para caracterizar e refletir sobre três categorias de engajamento: “pedir ajuda”, “fazer pressão” e “estar alerta”.
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