Resumo Descreve-se neste texto a implementação e avaliação de um programa de intervenção psicoterapêutica de cariz feminista junto de quatro grupos de mulheres vítimas de violência na intimidade. Tendo como objetivos gerais 1) informar sobre o fenómeno da violência de género, 2) desconstruir discursos de género, 3) refletir em torno dos significados e dos impactos das histórias pessoais de vitimação e 4) promover o empowerment e a capacitação pessoal e social, o programa foi desenvolvido com 23 mulheres com idades compreendidas entre os 29 e os 61 anos (M=45.93; SD=9.13), provenientes de diferentes regiões da zona norte de Portugal. A fim de se avaliar a eficácia do programa foram administrados o Inventário sobre Vivências Violentas nas Relações Íntimas, a Escala de Progresso Pessoal Revista e o The Outcome Questionnaire-45.2. Os resultados sugerem progressos muito positivos quanto ao bem-estar psicológico e ao empowerment das participantes. Palavras-chave: empowerment; violência de género; terapia de grupo; vítimas de violência na intimidade.
O presente texto versa sobre o olhar dos media em torno do femicídio na intimidade, uma das mais severas manifestações de violência de género. Considerando a investigação que tem vindo a ser produzida sobre o impacto das narrativas mediáticas da imprensa escrita e da televisão sobre o femicídio na intimidade, ao nível das representações sociais e das práticas criminais, junto de diferentes grupos sociais, são aqui problematizadas as características e as implicações das narrativas mediáticas construídas em torno do fenómeno, bem como as suas condições de noticiabilidade. Defende-se a necessidade de investir numa perspetiva de literacia crítica para os media que potencie um entendimento sobre a ideologia de género que está na base e sustenta a violencia contra as mulheres, tal como recomendado na Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica.
O presente artigo caracteriza o femicídio na intimidade (FI) em Portugal, na forma consumada e tentada, a partir da análise das narrativas mediáticas publicadas no Jornal Correio da Manhã (CM) e no Jornal Público (P), entre 2000 e 2017. O corpus de análise, constituído por 853 peças noticiosas, corresponde a 644 casos de FI. A partir de uma análise triangulada dos dados, emergiram diferenças na forma e conteúdo de ambos jornais, acentuadas na última década. Enquanto o CM tende a narrar os crimes como reações passionais e imprevisíveis, associadas aos ciúmes e não aceitação da separação, recorrendo a narrativas paralelas que desresponsabilizam o perpetrador, o P apresenta tendencialmente o crime de forma contextualizada. Esta polarização, além de desconectada da Convenção de Istambul (2011), contribui para uma construção social do crime enviesada, com efeitos não só na opinião pública, mas nas vítimas e pessoas agressoras na intimidade.
Palavras-chave: Femicídio, intimidade, Portugal, media.
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