Os sistemas agroflorestais mitigam os impactos causados pelo manejo insustentável da agricultura contemporânea. A fauna edáfica promove serviços ecossistêmicos e pode ser considerada um bioindicador da qualidade do solo. Este trabalho teve como objetivo caracterizar a diversidade da macrofauna edáfica por meio de amostragens aliada a aplicação da cromatografia de Pfeiffer em um pomar em Santana do Livramento (RS). Dentre as 12 ordens identificadas, os engenheiros do solo e fitófagos foram predominantes com destaque às ordens Hymenoptera, Isoptera e Coleoptera, representadas pelas formigas, cupins e besouros. Os cromatogramas revelaram que o solo da área é de textura arenosa, com compactação superficial e baixa taxa de mineralização de matéria orgânica. A avaliação dos grupos funcionais, aliado a cromatografia pode ser um instrumento para diagnosticar o estado de saúde do solo. Esta abordagem pode ser convertida em indicadores para estratégias de transição à quintais agroflorestais.

Os quintais agroflorestais são uma alternativa estratégica garantindo renda à família, segurança alimentar, além da possibilidade de aumento de diversidade, estabilidade e sustentabilidade do sistema produtivo. Para implantação desses sistemas é importante considerar e conhecer a diversidade natural regional e entender as dinâmicas ecológicas das suas populações vegetais. Assim, o presente estudo foi realizado no sul do Brasil a partir do levantamento de dados florísticos e caracterização de 3 pomares (Q1, Q2 e Q3) existentes, visando o redesenho e posterior implantação de um sistema agroflorestal no Bioma Pampa. Realizou-se levantamento de dados florísticos e dendométricos dos diferentes estratos vegetais existentes. Para o estrato arbóreo foi realizado um censo das variáveis altura (H) e diâmetro da altura do solo (DAS) e para os estratos arbustivos e herbáceos uma amostragem para coleta de dados de riqueza e abundância da biodiversidade. Foi realizada a análise de frequência, densidade e de diversidade a partir dos índices de Shannon e de equitabilidade de Pielou. Foi elaborado uma oficina com as agricultoras e elaborado um redesenho de seus quintais agroflorestais. Os quintais analisados apresentaram condições semelhantes de solo, relevo, clima, contudo registra-se diferenças no espaçamento e práticas de manejo. Quanto ao manejo, Q1 revelou-se abandonado, já Q2 e Q3 apresentou indícios de manejos constantes. Nos índices de Shannon e Equitabilidade de Pielou, Q2 apresentou maiores números e Q1TA e Q1TB, os menores números. Quanto à frequência e densidade, o gênero Sida se destacou nos 3 quintais. Nos desenhos dos quintais agroflorestais foram selecionadas espécies nativas, especialmente para autoconsumo nos novos quintais agroflorestais.