Este artigo analisa um conjunto de cartas escritas por mães e pais de autistas, publicadas no Jornal do Brasil na década de 1980. O trabalho busca contribuir, a partir de uma pesquisa documental realizada na imprensa periódica, com a ampliação de conhecimentos sobre aspectos relacionados à história do autismo no país. Objetiva demonstrar duas questões: que as correspondências publicadas no período expressaram variedade de posicionamentos em torno do entendimento do fenômeno do autismo; e que as cartas podem ser entendidas como expressões de advocacy de familiares interessados em ações de assistência aos autistas. Os resultados da pesquisa apontam para mães e pais transformando sua maternagem e paternagem em instrumento político.
RESUMO: Este artigo tem como objetivo refletir sobre aspectos históricos relacionados ao autismo no Brasil ao longo das décadas de 1970 a 2008. Analisamos duas autobiografias elaboradas por mães cujos filhos receberam o diagnóstico de autismo entre os anos 1970 e 1980. Os escritos dessas mulheres foram produzidos em momentos distintos (uma em 1988 e outra em 2008) e são aqui compreendidos como fontes pertinentes para se produzir histórias que iluminam questões relativas ao ativismo materno no período em foco a partir da perspectiva feminina. Concluímos que os dois documentos analisados demonstram que a família, no caso do espectro autista, foi um sujeito fundamental no desenvolvimento de uma incipiente rede de proteção aos autistas, em um momento de transição democrática no país. Apesar da distância temporal das narrativas, é possível verificar elementos em comum entre elas, como as motivações para escrever sobre o assunto, o papel das associações de mães e pais de autistas e as dificuldades em encontrar serviços adequados para as necessidades de seus filhos. Também se encontram nelas diferenças, principalmente no olhar acerca do ativismo materno.
O presente trabalho tem como proposta analisar a obra Quarto de despejo, de autoria de Carolina de Jesus, enfatizando a crítica na articulação existente entre escrita, fome e política tal qual estabelecida pela escritora. Neste artigo, entendemos o livro em questão como um artefato que nos permite lançar novos olhares ao período histórico denominado como “Anos dourados”, pluralizando as vozes do passado e, consequentemente, ampliando nossa percepção acerca desse período da história do Brasil. Concluímos que a escrita possibilitou a construção de uma outra imagem de si, além de ter se tornado um instrumento de prazer e resistência num cotidiano marcado pela extrema pobreza, além de oferecer recursos para que a mesma pudesse elaborar uma explicação para o que vivenciava.
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