RESUMO Este artigo se propõe a fazer uma revisão conceitual da obra do museólogo tcheco Zbynek Zbyslav Stránský (1926-2016), referente ao período entre 1965 e 1995, quando ele foi responsável pela tentativa de estruturar uma teoria para a Museologia. Seu objetivo era o de defender e comprovar o estatuto científico dessa disciplina, por meio da sua concepção metateórica. Stránský iria discutir, em sua obra, a partir da negação do museu como objeto de estudo dessa suposta ciência, em 1965, quais seriam os seus objetos de interesse fundamentais, criando conceitos próprios para a Museologia. Por meio dos conceitos de musealia, musealidade e musealização, ele desloca o foco da disciplina dos museus, como instrumentos para uma dada finalidade, aos processos de atribuição de valor às coisas da realidade. Sua teoria engendra, assim, a fundamentação necessária para o campo museológico, integrando teoria e prática e constituindo o início de uma reflexão científica e social para a Museologia. Nesse sentido, o artigo historiciza o processo de constituição da Museologia disciplinar no leste europeu para entender o que estava na base do pensamento geminal estruturante desse campo de saberes museológicos e, ao mesmo tempo, aponta caminhos para o seu porvir.
RESUMO O artigo apresenta uma reflexão com bases teóricas sobre as estruturas coloniais dos museus, considerando historicamente o desenvolvimento dessas instituições no Brasil desde a criação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 1818. Propõe a descolonização do pensamento museológico por meio do reconhecimento crítico de suas bases no Iluminismo e na reiteração material do sujeito racional como sujeito ontológico herdado desde o cogito cartesiano. Abordando a crítica decolonial, identifica na separação entre sujeito e objeto e entre pensamento e matéria - estruturantes do pensamento filosófico ocidental - o principal traço do colonialismo nos regimes museais e patrimoniais. Entendendo os museus como dispositivos de “materialização”, segundo o conceito de Judith Butler, o artigo propõe a reintegração da matéria ao pensamento na teoria museológica como caminho para re-pensar as práticas museais em regimes pós-coloniais.
Un écomusée, ce n'est pas un musée comme les autres. 1Georges Henri Rivière "Alguma coisa se modificou com o movimento da descolonização", afirma François Mairesse (2002:101) ao tratar da "nova museologia", movimento que eclodiu na França nos anos 1980, aliado às novas experiências de museus que já vinham sendo colocadas em prática desde os anos 1960. De fato, a descolonização dos museus, à qual se referiram alguns museólogos que pretendiam fazer uma museologia de vanguarda, diz respeito a um conjunto de conceitos que tinham o objetivo de revolucionar a prática museológica do final do século XX, tais como o de "participação da coletividade", ou o de "identidade cultural". Tais noções não foram incorporadas a discursos museológicos e às ideologias apenas nos países periféricos; ao contrário do que se pode pensar, elas tiveram suas primeiras aparições a partir de experiências inovadoras entre os museus dos países industrializados. 2O projeto central que se impõe ao "novo museu", segundo Mairesse, consiste na busca pelas "origens" de uma cultura submersa, "seja ela rural ou industrial, das periferias ou de favelas" (Mairesse 2002:103). Por envolverem um tipo de imersão das pessoas em sua própria cultura e um contato íntimo com a memória, esses museus tiveram que contar com o suporte da etnologia e, de fato, se desenvolveram como uma alternativa iconoclasta aos museus etnográficos clássicos, principalmente por romperem com a lógica do olhar do Outro sobre o patrimônio ali apresentado.Tendo como berço a França pós-colonial, em sua origem o "ecomuseu" representou a utopia da democratização da memória, por meio de um mecanismo museológico inclusivo que tinha por objetivo principal o de dar a palavra àqueles que apenas raramente partilhavam da cena da História. *
ResumoO presente texto tem o objetivo de introduzir uma reflexão sobre os enquadramentos tradicionalmente impostos aos objetos de museu questionando a sua sustentação empírica na Contemporaneidade. A vida museal do objeto, que acontece dentro ou fora das instituições formais, é produtora de diferentes enquadramentos classificatórios e informacionais. Estes, por vezes, os estigmatizam ligando-os às categorias criadas socialmente e que são cada vez mais percebidas como suplantáveis pelas Ciências Contemporâneas. Por meio de uma revisão bibliográfica detalhada, o artigo chama a atenção para uma mudança de percepção sobre os musealia em função, principalmente, de dois fenômenos distintos, quais sejam: (1) o novo sentido conferido ao objeto artístico pela Arte Contemporânea, atuando na reordenação dos enunciados sobre os objetos e os valores neles investidos; e (2) o advento dos ecomuseus, que relegam ao segundo plano do discurso museal os objetos materiais voltando-se para a musealização das relações do humano com o seu meio. Em ambos os casos, as categorias classificatórias que comportam os objetos nos museus tradicionais são perturbadas levando à concepção de uma nova categoria de pensamento que propomos chamar de objeto-devir. Palavras-chave: Classificação. Informação. Museologia. Objeto-devir. Objetos de museu (musealia). AbstractThe aim of the study is to reflect on the traditional frames imposed to the museum objects and question their empirical value in contemporary times. The life of museum objects, both inside and outside formal institutions, produces different classificatory and informational frames. These frames sometimes stigmatize the objects binding them to the socially created categories and are progressively perceived as transposable by Contemporary Sciences. By means of a detailed bibliographical revision, the paper calls attention to a change in perception on musealia due to two different phenomena, which are: (1) the new meaning attributed to the artistic object by Contemporary Art, reorganizing discourse about these objects and the value invested in them; and (2) the ecomuseum enterprise, that place material objects on the background of museum discourse, prioritizing the musealization of human relationships with the social environment. In both cases, the classificatory categories that describe traditional museum objects were disturbed, leading to the concept of a new thought category that we propose to call the object-becoming.
ResumoNa Museologia, campo predominantemente constituído por mulheres no Brasil, o papel dessas profissionais se mostrou, ao longo da história da disciplina, submetido à tutela masculina, reproduzida e naturalizada nos museus. Por meio da análise histórica, este artigo busca evidenciar a subversão da dominação masculina no campo acadêmico da Museologia, por meio da mudança do papel desempenhado por museólogas brasileiras no século XX. As reflexões sobre o passado nos levam a considerar as relações de gênero na Museologia, evidenciando relações de poder construídas historicamente nesse campo, ou, ainda, nos levam a pensar uma museologia pelo viés queer, subvertendo por completo as categorias identitárias reproduzidas nos museus. AbstractIn museology, a field constituted predominantly by women in Brazil, the role of these professionals has been subjected to male tutelage throughout the discipline's history, and reproduced and naturalized in museums. The article uses a historic analysis to reveal the subversion of male domination in the academic field of Museology through the changing role of women museologists in the country in the 20 th century. The reflections on the past allow us to consider gender relations in museology and reveal the power relations historically constructed in this field. We also use a queer perspective to consider museology, completely subverting the identity categories reproduced in museums.
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