RESUMO - RACIONAL: Apesar da recomendação atual que o cistoadenoma seroso deva ser tratado de forma conservadora, significativa parte dos pacientes com essa condição ainda é operada por dúvida diagnóstica. OBJETIVO: Analisar causas da baixa acurácia diagnóstica do cistoadenoma seroso. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de portadores de cistoadenoma seroso de um banco de dados de dois ambulatórios de cirurgia hepatopancreaticobiliar entre 2006 e 2020. Foram incluídos pacientes com lesões típicas de cistoadenoma seroso aos exames de imagem (tomografia computadorizada, ressonância magnética e ecoendoscopia) e pacientes que o anatomopatológico confirmasse esse diagnóstico. RESULTADOS: 27 pacientes foram incluídos. 85,18% eram do sexo feminino. A idade média foi de 63,4 anos. Apenas um apresentava sintomas típicos de pancreatite. A Ressonância magnética foi o exame mais realizado (62,9%). A lesão era única em 88,9% e o tamanho médio foi 4 cm. O aspecto típico microcístico foi encontrado em 66,6% dos casos, os demais foram considerados atípicos. A ecoendoscopia foi realizada em 29,6%. O valor médio de antígeno carcinoembrionário nos pacientes submetidos à punção do cisto foi de 198,25 ng/mL. O tratamento cirúrgico foi realizado em 10 casos (37%). Em 7, a causa cirúrgica foi a suspeita do cistoadenoma mucinoso mediante identificação de lesões atípicas (unilocular com ou sem septos e macrocística). Em 2, a suspeita de neoplasia papilar intraductal mucinosa com “fatores preocupantes” foi a indicação cirúrgica. O último foi submetido à cirurgia por lesão de aspecto sólido e suspeita de câncer. O índice de complicações > ou = Clavien-Dindo 2 foi 30%, o índice de fístula pancreática clinicamente relevante (B e C) foi 30%. A mortalidade foi nula. CONCLUSÃO: A apresentação morfológica atípica do cistoadenoma seroso, particularmente lesões uniloculares e macrocísticas, é a principal responsável pela indicação cirúrgica. Apenas a implementação de novos, eficientes e reprodutíveis métodos diagnósticos poderá reduzir o número de cirurgias desnecessárias nesses pacientes.
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