ResumoEste artigo discute parte dos resultados de um estudo etnográfico desenvolvido junto às moradoras de dois bairros periféricos da cidade de Chapecó, em Santa Catarina (SC). A pesquisa buscou enfatizar articulações entre território e experiência, em suas dimensões práticas e simbólicas, de forma que se destacam cenários de socialidades, que envolvem lugares e referências identitárias (de pertencimento ou de distanciamento) e outras formas de subjetivação do território, que consolidam relações processuais de construção da periferia. A proposta deste trabalho é refletir a condição da periferia e da cidade como lugares em processo, apreendidas, a partir de territorializações e de mobilidades, identificadas durante a etnografia e construídas a partir da perspectiva dialógica, enfatizando experiências e narrativas do cotidiano. Assim, a proposta, neste artigo, é apresentar as processualidades que encontramos nas mobilidades pelo território, que aparecem com maior ênfase nas áreas irregulares dos bairros pesquisados e que são reconhecidas pelos sujeitos da pesquisa como "direito". Percebemos, no contexto de abordagem, uma circulação das pessoas pelo território, alternando o lugar de moradia, acessando novas formas de morar, realizando transferências e reocupações, etc. As histórias de mobilidades nos permitem vislumbrar a complexidade dos processos inerentes à constituição das periferias urbanas e expressam, através de práticas cotidianas e de narrativas de mobilidade, maneiras através das quais articulam, em suas vivências, sempre relacionais e partilhadas, significados, afetividades e estéticas de sentido que configuram a experiência dinâmica, contínua e processual de "fazer-periferia" e de "fazer-cidade".