Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa qualitativa cujo objetivo central foi identificar qual a percepção dos estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Bahia, Brasil, sobre a consideração da diversidade cultural presente nas salas de aulas nos momentos de ensino e, com base nisto, abalizar proposições que contribuam para os currículos desses cursos e formação docente sensível à diversidade cultural. Os dados foram obtidos por meio de entrevista semiestruturada com dez futuros professores. As falas foram transcritas e sobre elas procedeu-se a Análise de Conteúdo. A maioria dos entrevistados acredita que não está preparada para lidar com a diversidade cultural presente nas escolas e salas de aula, nem mesmo após a conclusão dos seus respectivos cursos. Concluímos que a inserção e a interação do futuro docente no ambiente escolar devem ser realizadas ainda no início do curso, e não de forma reduzida a um espaço isolado, que a restrinja apenas nos componentes curriculares de estágio.
Apresentamos resultados de um estudo que objetivou caracterizar a formação inicial na Licenciatura em Biologia e em Pedagogia da Universidade Estadual de Feira de Santana para lidar com a diversidade cultural. Para isto, foram identificadas abordagens da História, Filosofia e Sociologia da Ciência e da Etnobiologia nas disciplinas destes cursos, categorizações e análise de conteúdo. Os resultados indicam que algumas do total das disciplinas de ambos os cursos possuem as referidas abordagens, sendo 2,98% para Biologia e 2,7% para Pedagogia. Entende-se que estas abordagens não são suficientes e sugerimos uma revisão dos currículos de modo a pontuar aproximações entre os aspectos teóricos trabalhados nos cursos e as vivências das escolas da região com relação à diversidade cultural.
Sabendo-se que uma das práticas formativas do trabalho docente é - ou pelomenos deveria ser – a sensibilidade sobre a diversidade cultural inerente dos estudantes,sua consideração dentro da sala de aula deveria ser uma prática corriqueira. Pimenta(2002) releva a importância da sensibilidade por parte dos professores, pois é por estavia que ele “... se dá conta da situação complexa do ensinar. A sensibilidade é umaforma de conhecimento: Sensibilidade da experiência é indagação teórica permanente(PIMENTA, 2002, p.18).A diversidade de culturas presente nas salas de aula constitui importanteinstrumento para o ensino de ciências, na medida em que pode favorecer a compreensãodos conteúdos científicos por meio do diálogo entre a cultura da ciência e as culturasdos estudantes. Neste sentido, uma proposta diferenciada ao abordar os conteúdos emsala de aula seria o uso da linguagem da etnobiologia como uma forma decontextualizar o conhecimento cientifica no meio sociocultural do educando. Sabendoque é um campo interdisciplinar, a etnobiologia estuda as diversas relações que os sereshumanos e suas culturas estabelecem com a natureza. A etnobiologia, “... é o estudo dopapel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinadosambientes (POSEY, 1986, p. 15).Um dos principais objetivos da etnobiologia é promover um embasamentoteórico capaz de integrar diferentes ramos das ciências naturais e sociais em outroscampos de conhecimento científico, servindo como um elo entre diferentes culturas naintenção de elucidar a compreensão e o respeito mútuo entre os membros desses grupose seus diferentes saberes e práticas (ROSA e OREY, 2014). No campo de ensino deciências, segundo Baptista (2015), a estnobiologia pode trazer preciosas contribuições,podendo facilitar a investigação e compreensão dos saberes tradicionais dos estudantes,o que certamente permitirá aos professores estabelecer o diálogo com a cultura dessessujeitos, encorajando-os à participação durante as aulas. Todavia, cumpre destacar, nãoapenas a estnobiologia pode contribuir para o diálogo nas aulas de ciências. ParaBaptista (2010), a história e a filosofia da ciência podem contribuir para que osprofessores consigam delimitar a natureza da ciência, elucidando para os estudantes asinúmeras relações que podem existir entre os conhecimentos científicos e aqueles quesão inerentes aos seus meios socioculturais, sejam elas de semelhanças e/ou dediferenças.No presente estudo são apresentados dados da pesquisa de iniciação científica daprimeira autora cujo objetivo central foi identificar a presença, ou não, de abordagensque permitem a sensibilização dos professores para lidar com a diversidade cultural nosprogramas dos componentes curriculares (obrigatórios e optativos) dos cursos delicenciatura em Ciências Biológicas e Pedagogia desta universidade. Partimos dapremissa de que a estnobiologia, a história e a filosofia das ciências podem contribuirpara a sensibilização dos professores para lidar com a diversidade cultural nas salas deaula, por permitir-lhes reflexões que lhes conduzirão para a investigação e compreensãodos saberes culturais dos estudantes e, por conseguinte, para o diálogo intercultural noensino (Baptista, 2015). O seguinte questionamento deu origem ao nosso estudo: - Oscursos Licenciatura em Ciências Biológicas e Pedagogia da UEFS possui entre os seuscomponentes curriculares abordagens que permitem a sensibilização dos futurosprofessores para o diálogo intercultural nas salas de aula?
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