RESUMO: O Instituto de Educação Josué de Castro, que tem como mantenedor o Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária e é vinculado ao Movimento dos Sem-Terra, constitui-se em uma escola de educação média e profissional. O objetivo deste texto é o de expor os elementos educativos principais presentes na escola, bem como elucidar se a sua concepção educacional, que parece ser a mesma vigente nas escolas controladas pelo MST, contém elementos educacionais de interesse para as classes trabalhadoras em geral, do ponto de vista democrático e popular. A investigação revelou que o Instituto, estruturado e organizado de forma diferente daquela usualmente encontrada nas escolas oficiais, coloca em epígrafe categorias educacionais como a união do ensino com o trabalho e a gestão democrática compartilhada entre alunos, professores e funcionários.Palavras-chave: Educação. Trabalho. Autogestão.
A educação no Brasil vem evoluindo segundo o diapasão de um país do terceiro mundo que se encontra em secular e interminável processo de desenvolvimento econômico. Nas últimas três décadas, o Estado brasileiro quase conseguiu universalizar a educação pública gratuita fundamental, constituída de oito anos de ensino.1 Entretanto, há ainda muitos problemas a serem resolvidos. Essa modalidade do ensino público reproduz a dicotomia característica do sistema escolar, ou seja, essa educação é destinada às classes populares e pobres, enquanto que para as classes média e alta o Estado estimula a educação privada. Acrescentemos que a educação infantil é ainda assistencial e compensatória, o ensino médio é deficitário, 2 e o ensino superior encontra-se privatizado em cerca de 80% das matrículas. Vários autores, já há décadas, preocupados com a realidade social, têm formulado idéias educacionais com o propósito de incitar uma formação acadêmica que habilite a população para efetuar uma ação transformadora na sociedade, tendo como perspectiva o fortalecimento da democracia, a cidadania, a igualdade social e até mesmo o socialismo. Nesse contexto surgem formulações tais como a educação para a cidadania, a formação de consciência crítica, o cultivo dos valores humanistas e várias outras.Nesse campo de preocupações inserem-se os esforços pedagógicos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com a ressalva de que se trata de uma práxis pedagógica que está em conso-
O livro Mudança social na América Latina, trabalho associado e educação, publicado pela Junqueira & Marin editores, em 2009, está estruturado em três partes. A parte I, denominada Trabalho associado, luta política e transformações sociais na América Latina, é composta de três capítulos elaborados a partir de pesquisas empíricas realizadas em várias fábricas de trabalho associado (TA) na Argentina, Brasil, Bolívia e Venezuela.Na parte II constituída por dois capítulos e intitulada Educação, trabalho e gênero são apontadas as modificações ocorridas em empresas de autogestão, principalmente no tocante às questões de etnia, gênero, novo conceito de poder, solidariedade e as implicações das ações educacionais.
Neste trabalho procurar-se-á mostrar que: 1) as diferentes organizações criadas pelos trabalhadores apresentam determinações constitutivas comuns, isto é, elementos de natureza democrática que transcendem as categorias da burocracia; 2) essas características aparecem também em entidades que têm um objetivo econômico tais como cooperativas e empresas autogestionárias; 3) os elementos ordenadores básicos dessas organizações econômicas encontram-se preconizados na carta de princípios da Aliança Cooperativa Internacional - ACI; 4) nos últimos vinte anos, empreendimentos que se apresentam como autogestionários vêm incorporando os princípios clássicos da ACI e, ao mesmo tempo, acrescentando novos elementos democrático-sociais em sua prática; 5) cooperativas de trabalhadores ou empresas sob outras formas jurídicas, além de preservarem esses mesmos princípios, apresentam um potencial social que transcende os critérios ordenadores da economia capitalista e da democracia liberal.
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