A teoria weberiana da secularização é atualmente criticada por reproduzir pressupostos teleológicos oriundos das teorias da modernização. Defrontando-se com essa crítica, este artigo retoma a tese da unidade e variação desenvolvida por Shmuel Eisenstadt e, a partir de tais pressupostos, discute as possibilidades de atualização do conceito de secularização diante do cenário da globalização e da multiplicidade da modernidade. Após demonstrar que em Max Weber o tema já é tratado de forma multidimensional (histórica e estrutural), o artigo busca sistematizar o debate sobre a secularização no campo da sociologia da religião. Em seguida, examinam-se criticamente três modos distintos de apreensão das variedades da secularização: 1) multiplicidade de vias de secularização, 2) múltiplos secularismos e 3) múltiplas secularidades. O artigo advoga pela fecundidade e atualidade da teoria da secularização para determinar não só a natureza e a diversidade do religioso em condições modernas mas também para determinar o moderno na sua relação com o religioso.
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A análise e, ao mesmo tempo, defesa de um modelo de democracia de caráter plebiscitário possui um estatuto central na teoria política de Max Weber, e é especialmente através dele que esta concepção se consagra na literatura política. Partindo deste dado, este artigo busca traçar a gênese e a evolução do conceito (ou da ideia) nos escritos weberianos, tarefa que se desdobra na busca do significado teórico e, em particular, na compreensão dos motivos que o levaram na direção do reforço do potencial cesarista das modernas democracias de massa 1 . Tal investigação será conduzida em quatro passos que respondem a diferentes questões. O primeiro, de caráter histórico-exegético, indaga sobre "quando" e "como" o conceito de democracia plebiscitária se faz presente no corpus textual weberiano. O segundo, de caráter teórico-sistemático, investiga o conteúdo do conceito (o quê), traçando sua natureza e especificidade no quadro da sociologia política da democracia realizada por Weber. Em um terceiro momento, agora no plano político-normativo, examina-se o conceito de democracia plebiscitária na sua dimensão pragmática, qual seja, indicando seu sentido instrumental (por quê?) no contexto das disputas políticas em que Weber estava inserido. A parte final, que sintetiza as principais conclusões do trabalho, é dedicada a um balanço das polêmicas que a tese de Weber engendrou entre alguns dos seus principais intérpretes e comentaristas.1 Desta forma, aprofundo aspectos já apresentados Sell (2010). Uma versão inicial deste texto foi apresentada no 7º Encontro Nacional da ABCP (agosto de 2010).Revista Brasileira de Ciência Política, nº 5. Brasília, janeiro-julho de 2011, pp. 139-166. Carlos Eduardo Sell Democracia com liderança Max Weber e o conceito de democracia plebiscitária 140 Carlos Eduardo SellEntre a ciência e a política: a história da ideia Em que momento e lugar da obra weberiana podemos encontrar a expressão "plebiszitäre Demokratie"? Um exame da questão nos permite ver que este tema aparece tardiamente em seu pensamento, mas ocupando um lugar importante tanto na sua dimensão teórico-analítica (que envolve a construção da própria sociologia política weberiana) quanto na sua dimensão prático/engajada (que diz respeito à participação de Weber no debate político de seu tempo).Do ponto de vista estritamente analítico, o centro do pensamento político weberiano é sua sociologia da dominação. Weber começou seus trabalhos neste campo no ano de 1909/10 até 1914, e sua primeira versão destes estudos está documentada no capítulo oitavo de Economia e sociedade sob o título de "Sociologia da dominação". Conforme mostram Hanke e Kroll (2009), esta versão mais antiga é composta de escritos independentes denominados, respectivamente, burocratismo, patrimonialismo, feudalismo, carismatismo, construção do carisma, conservação do carisma e Estado e hierocracia. Entre 1919 e 1920, ao revisar seus manuscritos, Weber apresentou uma versão reformulada daquele trabalho inicial, na forma de seus bastante conhecidos três "tipos de dominação" (...
Qual é o lugar da técnica no pensamento de Max Weber? A partir do exame das categorias de técnica, ação técnica e racionalidade técnica, o artigo busca demonstrar que a reflexão weberiana sobre o âmbito técnico move-se em uma dupla dimensão. Em um primeiro plano trata-se da compreensão da especificidade da técnica enquanto fenômeno social e, em um plano mais amplo, envolve também o entendimento do papel da tecnociência na modernidade. Neste duplo registro, Weber analisou a racionalização da maquinaria no contexto de surgimento da era moderna e, ao mesmo tempo, descreveu o processo de racionalização cultural como um amplo processo de tecnificação da ação e de predomínio da racionalidade técnica sobre o conjunto da vida social.
What is the role of technology in the thought of Max Weber? From the examination of the categories of technical, technical action and technical rationality, the paper demonstrates that Weber's reflections on technology moves in two dimensions - dealing, in one dimension, with understanding of the specificity of technology as a social phenomenon, and, in the other, more broadly with the role of science and technology in modernity. Based on his reflections in these two dimensions, Weber examined the rationalization of machinery in the context of the emergence of the modern era and, at the same time, described the process of rationalization as a broad cultural process of mechanization of action and dominance of technical rationality on the whole of social life
Em seus últimos escritos políticos, Weber debateu com intensidade os desafios colocados para a Alemanha naquele momento histórico. Acompanhando o final do II Império e os primeiros passos da República de Weimar, o autor transitou da preferência por um modelo parlamentar de democracia para sua variante plebiscitária. O presente trabalho retoma essa discussão e busca situá-la no contexto da evolução política do pensamento de Weber. Ao mesmo tempo, busca-se reconstruir a argumentação weberiana destacando o papel que a temática das instituições, da democracia e da racionalidade ocupam em sua avaliação dos modelos parlamentar e plebiscitário da democracia. Na parte final, o esquema anterior é retomado para sugerir uma agenda teórica que evidencie as possibilidades e atualidade das problemáticas contidas na sociologia política que emerge dos escritos político-conjunturais de Weber.
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