Os estudos sobre desenvolvimento regional e gênero procuram mostrar as imbricações entre relações de gênero, poder e espaço, suas permanências e possibilidades de mudança. Neste artigo se projeta luz sobre a presença das mulheres (sua formação e acesso a bolsas de produtividade em pesquisa) nos Programas de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da região Sul. Uma constatação é que, a rigor, não há maiores diferenças entre mulheres e homens, exceto na distribuição de bolsas de produtividade em pesquisa. Na produção intelectual sobre gênero, em que estão em maior número, as mulheres tratam de temas como: o espaço rural e urbano, espacialidades em movimento, vulnerabilidades, sexualidade, grupos e instituições sociais. A presença dos estudos de gênero no desenvolvimento regional pode conferir maior abertura aos estudos regionais que têm tomado a região como recorte e contenção, oferecendo-lhes, em troca, uma compreensão relacional de região, que traz consigo o potencial libertador das identidades binárias e das hierarquias de raça e classe.
A participação das mulheres nos Programas de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional/Demografia no Brasil foi de 43% em 2018. Durante muito tempo, as mulheres foram invisíveis na teoria/prática do desenvolvimento. Todavia, há uma progressiva entrada delas no debate. Cabe questionar: quem são essas mulheres? Que contribuições trazem ao pensamento social e ao desenvolvimento regional na América Latina e no Brasil? Essas questões norteiam o Projeto Colaborativo Mulheres que pensam o desenvolvimento regional. O objetivo desse artigo é contextualizar o tema do desenvolvimento regional em sua relação com as mulheres, visando a formulação de uma agenda de pesquisa. A análise da produção das mulheres que pensam o desenvolvimento regional parte da ciência e da epistemologia feminista. Essas referências devem contribuir para pensar criticamente os enfoques do desenvolvimento e seus desdobramentos do ponto de vista político, bem como o compromisso da ciência/sociedade com a construção de alternativas ao desenvolvimento que se tornou hegemônico entre nós.
O presente estudo abordou vida e obra da socióloga catarinense Anita Moser que pesquisou as condições de trabalho das mulheres camponesas que migraram para a indústria têxtil na cidade de Rodeio (SC) de 1970. Seu livro, A nova submissão, mostra, a partir de narrativas femininas, como o discurso de independência feminina pelo trabalho na indústria cede lugar à uma inserção social subordinada pela produção e consumo.
PALAVRAS-CHAVE: : Pensamento Social. Desenvolvimento. Gênero. Vale do Itajaí. Anita Moser.
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