ResumoNeste trabalho me proponho a tecer algumas considerações sobre os determinantes de gênero na dinâmica das relações sociais a partir de uma perspectiva feminista. Entendo, porém, que, nas sociedades contemporâneas, capitalismo, sexismo, racismo, etarismo, e lesbo/homofobia, dentre outras matrizes de opressão, não agem independentemente. Estão imbricadas ou em "simbiose", constituindo-se como matrizes de opressão que se entrelaçam e se reforçam, forjando sistemas de estratificação e opressão interseccionados. Da mesma forma, gênero, raça e classe e demais marcadores de diferença e elementos constitutivos das relações sociais não atuam separadamente. Esses elementos se intersectam e recortam uns aos outros, modificando, mutuamente, uns aos outros. Isso implica dizer que as respectivas categorias de gênero, raça, classe e outras categorias sociais similares não são categorias autônomas. Daí porque precisamos pensar em instrumentos conceituais que nos permitam identificar e analisar como estruturas de privilégio e opressão se intercruzam em diferentes níveis e se manifestam na vida cotidiana das mulheres e na construção de suas identidades. Nesse intuito, baseio-me aqui na noção de "caleidoscópios de gênero" que, acredito, nos permite melhor dar conta desses processos.
Palavras-chave:Gênero e interseccionalidades. Gênero na dinâmica das Relações Sociais. Caleidoscópios de gênero. 1 Uma primeira versão deste trabalho foi apresentada à Mesa: "Feminismo e Negritude: Desafios Contemporâneos", durante o "I Seminário Internacional, Gênero, Raça, Classe e Identidade Social no Brasil e na França", promovido pelo NEIM/UFBA, Salvador, Bahia, 5-8 de agosto de 2009. O trabalho é um desdobramento da disciplina "Dinâmica das Relações Sociais de Gênero, Raça e Classe" que venho oferecendo, por mais de uma década, no PPG-CISO da UFBA, e, mais recentemente, no PPG-NEIM. Beneficio-me, portanto, da contribuição das várias alunas que cursaram essa disciplina, a quem sou muito agradecida.
Gender kaleidoscopes: Gender and intersectionalities in the dynamics of social relations AbstractIn this work I propose to weave some considerations on gender determinants in the social relations dynamics, from a feminist perspective. However, I understand that in contemporary societies capitalism, sexism, racism, ageism, and lesbo/homophobia (among other oppression matrices) do no act separately. They are imbricated or in 'symbiosis' as oppression matrices that interlace and are mutually reinforcing and forging systems of stratification and oppression that intersect each other. In the same manner, gender, race, class and other difference markers and elements that constitute social relations do not act independently. These elements intersect and mutually modify each other, such that the respective categories of gender, race, class, and so on, are not autonomous. As such, we need to devise conceptual tools that allow us to identify and analyze how structures of privilege and oppression intersect each other at different levels in the daily women li...