A imagem do negro é uma questão das relações étnico-raciais. A dimensão pedagógica do cinema negro estabeleceu uma imagem de afirmação positiva da africanidade. O negro brasileiro se constituiu em minoria maiorizada. Na era da informação, própria da Revolução Tecnológica, as relações abstratas da representação são mais importantes que as relações concretas do fato. A imagem se tornou fundamental para o afrodescendente, pois as lutas de classe se projetaram em lutas de imagens. Os nomos estranhos às culturas eurocidentais são vítimas da desarticulação dos seus traços epistêmicos, justificando a colonização europeia. A dimensão pedagógica se construiu na luta ontológica da imagem de horizontalidade do íbero-ásio-afro-ameríndio contra a verticalidade do euro-hétero-macho-autoritário e sua euro-heteronormatividade.
Este artigo trata a fragmentação do mito da democracia racial, cuja sociedade brasileira monocultural foi vista como um paraíso de laboratório racial, para os países multirraciais. O Movimento Negro Unificado - MNU lutou contra o racismo, a violência policial e a ditadura militar, fragmentando o mito da democracia racial brasileira. Os ativistas negros se identificaram com o cinema novo, de Glauber Rocha, que adotou o negro como referencial estético. Glauber criou também o cinema negro, sendo o cinema das minorias vulneráveis, no qual a imagem do ibero-ásio-afro-amerindio fez uma luta ontológica contra a hegemonia imagética do euro-hétero-macho-autoritário sua euroheteronormatividade, que foi o sentido da eurocolonização. Na dimensão pedagógica do cinema negro as minorias desenvolveram a construção da imagem de afirmação positiva, ensinando ao anacronismo excludente como ela é, e deve ser tratada, na sociedade de contemporaneidade inclusiva.
Resumo O objetivo deste artigo é desenvolver uma reflexão sobre os aspectos concorrentes para a compreensão da imagem de afirmação positiva do afrodescendente como minoria ibero-ásio-afro-ameríndia. Observei na Chanchada uma tentativa de aviltação da imagem do africano, do ameríndio, do asiático e do ibérico, representando-os por meio de estereótipos de inferioridade. Isso foi feito num cinema de indústria, que atendia o colonialismo cultural em proveito do mito da superioridade do branco eurocaucasiano. Contrariando a Chanchada, o Cinema Novo, com influência marxista, foi uma crítica ao imperialismo americano com uma estética autoral que valorizava a cultura popular. Isso apontou para uma sintaxe cinematográfica que encontrou no negro seu referencial estético, na medida em que representava os traços proletários e seu desdobramento e, no caso do branco, a expressão burguesa e seu poder decorrente. Mostro no artigo que o Cinema Negro nasceu da realização glauberiana, elemento basilar também do Cinema Novo, que deu centralidade ao negro. É no Cinema Negro que o afrodescendente resgata a posição de sujeito histórico, como realizador. Demonstrei existir uma identidade lusofônica configurada na condição de vítima da eurocolonização, apontando para a lusofonia de horizontalidade democrática, que se estabelece numa luta de imagem ontológica contra a verticalidade da hegemonia imagética do euro-hétero-macho-autoritário, determinada pela força eurocêntrica da euroheteronormatividade. Esta investigação concluiu que existe uma dimensão pedagógica do Cinema Negro em que as minorias, numa perspectiva de contemporaneidade inclusiva, constroem o lugar de fala, mostrando à sociedade a superação do anacronismo excludente e ensinando como elas são e como devem ser tratadas.
O artigo demonstra que o Carnaval brasileiro tem origem no ocidentalismo caucasiano, ibérico e europeu. Iniciou com a violência dos ataques dos entrudos, que teve como ápice o ato de atirar sapatos nas visitas, fezes e urinas nos escravos que passavam. Isso era feito nos sobrados pelas moças recatadas das famílias patriarcais. Esse comportamento violento é amenizado com a influência francesa do confete e da serpentina, que foram trazidos pela missão francesa no início do século XIX. Isso foi amenizado, mas não superado, considerando que o sentido de ataque permaneceu no ato de atirar o confete e a serpentina nos dançantes de salão. A humanização no processo carnavalesco aconteceu somente com a pedagogia comunicacional do maracatu, oposta à violência caucasiana e considerada o mais antigo folguedo rural negro. Assim os negros incorporaram no Carnaval a corporalidade lúdico-músico-gregária de solidariedade comunal dos seus rituais.
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