IntroduçãoDuas discussões principais permeiam a relação entre defesa e desenvolvimento: i) se há relação entre gastos militares e crescimento econômico; e ii) se os gastos militares geram desenvolvimento tecnológico na sociedade como um todo. Estas duas discussões são basilares tanto para as motivações e justificativas utilizadas pelos atores políticos para gastos militares quanto para as políticas públicas (inclusive as políticas industriais) voltadas para o setor de defesa.Em sua obra de referência para a economia da defesa, Hartley e Sandler (1995, fazem uma importante revisão da literatura especializada no debate entre defesa e desenvolvimento dentro de diversas escolas de pensamento econômico. Para os autores, os principais estudos que encontram correlações positivas entre gastos militares e desenvolvimento econô-mico apresentam cinco pontos principais: 1) efeito de estímulo econômico dos gastos militares durante períodos de desemprego, causados tanto pelo subconsumo quanto por subinvestimento; 2) efeitos tecnológicos e de spin--offs do setor que defesa que, quando aplicados ao setor civil, causam crescimento econômico; 3) gastos militares podem aumentar o crescimento se alguns destes gastos forem utilizados para prover infraestrutura social (como barragens, rodovias, aeroportos, redes de comunicação) e outras formas de 1 Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é Analista Internacional na Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O objetivo deste artigo é analisar dilemas de efetividade na atividade de Inteligência Governamental. Explorando a literatura sobre falhas de inteligência e surpresa estratégica, avançamos em um campo pouco explorado pelos Estudos de Inteligência no Brasil: os aspectos cognitivos dos analistas de inteligência e as relações entre a comunidade política e a comunidade de inteligência. Primeiramente discorremos sobre os desafios de se avaliar a Inteligência Governamental como política pública, em especial no que se refere à dimensão da efetividade. Na segunda sessão abordamos os principais vieses cognitivos e heurísticas possíveis de ocorrer durante a análise de inteligência. A terceira sessão trata das tensões relacionais características entre a esfera política e a comunidade de inteligência e como essa relação afeta no resultado final da atividade de inteligência. Nas considerações finais apontamos para os limites e possibilidades das reformas organizacionais e procedimentais no que se refere à efetividade dos sistemas de inteligência.
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