Neste artigo, propomo-nos analisar o trabalho do carteiro a partir do referencial da Clínica da Atividade e da Ergologia, buscando discutir a questão das instâncias gestionárias nesse contexto. Para tanto, partimos de entrevistas e acompanhamentos a carteiros realizados no trabalho de uma das autoras na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A análise aponta que, apesar das fortes prescrições que compõem o trabalho do carteiro, há um constante esforço de renormatização empreendido por esse profissional de forma a gerir a distância entre as dimensões prescrita e real do trabalho, bem como lidar com as variações e os imprevistos no seu dia a dia. A gestão micropolítica empreendida no curso da atividade é intensamente reportada a outros-colegas, clientes, gestores-e conduzida pela noção de eficácia, de forma a viabilizar o atingimento de metas e objetivos. Percebe-se também que diversos aspectos do ofício do carteiro compõem-se por meio de uma metodologia construída coletivamente, operada pelo tensionamento entre as contribuições estilísticas dos sujeitos e o gênero na atividade.
Este artigo aborda aspectos relativos à especificidade da pesquisa em clínicas do trabalho, notadamente, a pesquisa que discute o trabalho enquanto atividade no escopo da abordagem da clínica da atividade. Para tanto, trata-se, inicialmente, de clínica, de clínicas do trabalho e de pesquisa em clínica do trabalho. A seguir, são tecidas considerações a respeito da dialogia e da cartografia em clínica da atividade e, ao final, apresentam-se aspectos referentes ao percurso experimentado pelas pesquisadoras no âmbito de uma pesquisa realizada com gestores operacionais de uma empresa pública brasileira.
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