Apresentam-se diferentes concepções de contextualização do ensino encontradas em documentos curriculares oficiais e em professores de Ensino de Ciências e de Biologia, e discutem-se as implicações pedagógicas dessas concepções para as respectivas áreas, em especial para a organização do trabalho docente. Para identificar essas concepções, analisou-se o conteúdo desses documentos nos diferentes níveis jurisdicionais - federal, estadual (SP) e municipal (SP) -, bem como, da fala de professores de Ciências e de Biologia envolvidos em uma atividade de formação continuada. A análise do potencial pedagógico dessas concepções demonstrou que a diversidade de interpretações sobre este importante princípio curricular pode oferecer, ao professor, possibilidades múltiplas de mediações didáticas em sua difícil tarefa de planejar e organizar o ensino, desde que estas possam ser explicitadas e exploradas nos processos de transposição do ensino dos quais ele participa. Algumas destas possibilidades são aqui exploradas, finalizando o texto.
Ao recebermos o honroso convite para coordenarmos a edição deste dossiê sobre Educação Ambiental (EA), nossas primeiras indagações voltavam-se para o perfil que buscaríamos dar a esse dossiê temático da conceituada Educação em Revista. Que questões significativas para o campo da pesquisa em Educação Ambiental poderiam nos orientar nas chamadas para artigos, na orientação e na estruturação dos textos? Que questões poderiam ser consideradas relevantes e que poderiam ser levantadas, propostas e exploradas sobre Educação Ambiental, neste final de ano, que anuncia, também, o final da primeira década do século XXI? O que um dossiê sobre Educação Ambiental tem a nos dizer no momento em que comemoramos os 20 anos da queda do Muro de Berlim?Iniciamos nosso trabalho a partir de algumas constatações sobre o campo da pesquisa em Educação Ambiental. O crescimento numérico das pesquisas em EA, no Brasil, não é mais novidade no cenário da produção científica do país. Trabalhos recentes, divulgados em eventos científicos e periódicos, em especial as áreas da educação e do ensino de ciências, têm apontado este crescimento. Nas Reuniões Anuais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação -ANPEd, a presença de relatos de pesquisa em EA em diferentes GTs foi tão significativa que acabou se traduzindo na criação de um GT (Grupo de Trabalho) específico de EA, em 2005. Em eventos científicos de ensino de ciências, como nos Encontros Nacionais de Pesquisa em Educação em Ciências -ENPEC, criado em 1997, verificou-se um
Com base na caracterização do perfil inicial do pesquisador em educaçãoambiental, em termos de sua formação e atuação no campo profissional ecientífico, buscou-se reconhecer elementos que pudessem servir de referenciaispara o estudo sobre a constituição de um campo de pesquisa em educaçãoambiental (EA). Foram considerados, como sujeitos desta pesquisa, todos osparticipantes e demais envolvidos no I Encontro de Pesquisa em EducaçãoAmbiental (I EPEA), evento caracterizado por sua especificidade na discussãoda temática ambiental sob o foco da pesquisa em EA. Os dados necessáriospara a caracterização desse perfil foram obtidos por meio de fichas de inscriçãopreenchidas pelos participantes do evento e por meio dos currículos,disponíveis na plataforma Lattes do CNPq, de todos os sujeitos envolvidos no IEPEA, buscando reconhecer correspondências com os temas identificados nostrabalhos apresentados no evento. A análise dos dados obtidos na pesquisa foirealizada assumindo ambas as abordagens metodológicas, quantitativa equalitativa, tendo como referenciais estudos sobre o perfil do educadorambiental. Como resultado dessa análise, foram identificados perfis variadosde pesquisador em EA, resultantes de trajetórias não lineares, destacando-se amultiplicidade e a diversidade de sujeitos e contextos de formação e atuação. A partir da aplicação das categorias bourdieunianas, pôde ser reconhecido umcampo de pesquisa em EA em formação, resultante da confluência de diferentescampos: o ambiental, o educacional e o científico. Outros contornos a respeitodesse campo em formação foram também discutidos, apontando perspectivaspara futuros estudos.
Resumo: O emergente campo da pesquisa em educação ambiental (EA) no Brasil traz a necessidade de uma sistematização dessa produção a fim de identificar e configurar aspectos desse novo campo do conhecimento. O presente trabalho visa contribuir nessa direção a partir da análise dos trabalhos apresentados nos Encontros de Pesquisa em Educação Ambiental (EPEAs). Os resultados apontam a predominância de trabalhos de natureza empírica em relação aos de natureza teórica e reflexiva e de trabalhos relacionados a contextos educacionais escolares em relação a contextos não escolares, sendo os níveis escolares fundamental e médio os mais presentes. Em relação aos trabalhos de natureza teórica e reflexiva, há predominância dos fundamentos teóricos e metodológicos da EA como foco temático. Já entre os trabalhos de natureza empírica, o principal foco temático é o desenvolvimento de projetos, programas e práticas em contextos escolares ou não escolares. Há ainda um número bastante significativo de trabalhos com contextos educacionais não específicos, nos quais predominam como focos temáticos os processos formativos e as concepções de professores e educadores. Aspectos referentes à avaliação dos trabalhos submetidos aos EPEAs também são destacados neste artigo. Palavras-chave:Educação Ambiental, Encontros de Pesquisa, Avaliação, Natureza dos Trabalhos, Contextos Educacionais, Focos Temáticos. Abstract:The emerging field of environmental education (EE) research in Brazil requires a systematization of its production so that its aspects can be identified and set up. This work aims to contribute in that sense based on the analysis of the works presented at the Research Meetings on Environmental Education (EPEAs). The results indicate the predominance of works of theoretical nature over the ones of empirical nature, as well as the predominance of works related to school contexts in comparison to works related to non-school contexts, the 1 Professora do depto. de Psicologia e Educação / FFCLRP/USP. Contato: Av. Bandeirantes, 3900. Monte Alegre, Rib. Preto -SP CEP14040-901
Este artigo relata uma pesquisa que investigou em que medida e extensão a temática ambiental é desenvolvida em documentos curriculares nacionais do Ensino Médio, em continuidade a um estudo anterior que realizou similar investigação, porém em documentos curriculares nacionais do Ensino Fundamental (anos finais). Realizou-se uma análise do conteúdo dos documentos curriculares em uma abordagem qualitativa da pesquisa educacional. Nesses documentos, a presença da temática ambiental é muito menor e menos significativa quando comparada aos do Ensino Fundamental; além de prevalecer uma concepção conservacionista/científica, trazendo uma visão reducionista e pouco politizada/crítica da temática ambiental no processo educativo. Distintamente, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio avançam na inclusão de uma educação ambiental crítica no currículo nacional da escola básica.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.