Resumo Este artigo tem por objetivo identificar e discutir alguns estratagemas psicológicos utilizados por movimentos conservadores e autoritários recentemente difundidos no Brasil - em especial, pelo Movimento Escola sem Partido -, em relação a temas como sexualidade e gênero, que atualmente foram incluídos como essenciais à formação escolar. Com esse propósito, empenhamo-nos em compreender a perspectiva cultural em que se apoiam e o modo como a articulam, ideologicamente, para inviabilizar o debate sobre eles. A partir da análise dos Projetos de Lei 246/2019 e 1859/2015, identificamos estratégias conservadoras que, autoritariamente, deslegitimam sua inclusão na formação escolar. Dentre elas, pareceu-nos urgente investigar a instrumentalização da religião, pois favorece a subordinação da crença religiosa, sobretudo associada ao conservadorismo moral imbricado na tradição cristã brasileira, ao discurso político autoritário. Assim como os movimentos fascistas que, nos Estados Unidos da década de 1930, reivindicavam um ordenamento autoritário e opressor da sociedade por meio do apelo a conteúdos religiosos instrumentalizados para esse fim, atualmente, o discurso religioso também é utilizado como forma de suscitar adesão ao conservadorismo social e político e de justificar preconceitos arraigados. Constatamos que a instrumentalização da religião é uma forma de justificar a permanência de valores conservadores na escola e na sociedade, bem como de reiterar o modelo de família heterossexual monogâmica e a ordem patriarcal. Por meio de estratagemas como esses, os movimentos conservadores e autoritários, articulados em função da negação da diversidade sexual e de gênero, impedem que a escola se constitua como espaço democrático e diverso.
O artigo tem como objetivo explicitar os estratagemas psicológicos utilizados pelo Movimento Escola sem Partido em seus projetos de lei, desvelando as estratégias psicológicas empregadas para suscitar concordância e adesão dos sujeitos aos discursos e métodos do Movimento. Realizou-se uma análise de conteúdo dos projetos de lei do Movimento apresentados na esfera federal. Foi possível constatar que o Movimento utiliza reiteradamente de estratagemas típicos da propaganda totalitária, que buscam se aproveitar da debilidade dos sujeitos na sociedade que os predispõe a discursos autoritários. Ainda que os projetos não tenham sido aprovados na esfera federal, seus discursos produziram efeitos no campo das políticas públicas de educação, bem como nas escolas e na sociedade. Embora haja certa imprecisão quanto aos seus objetivos, é possível concluir que o Movimento busca impedir a experiência mais básica de uma educação diversa e democrática, impondo a uniformização do pensamento.
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