Neste trabalho, apresentamos uma reflexão acerca das tensões identitárias vivenciadas por mulheres brasileiras que migraram para a Espanha para exercer a prostituição a partir de uma crítica às perspectivas eurocêntricas e coloniais. Tais perspectivas, desde o surgimento dos estados nacionais, têm propiciado a invenção do outro, naturalizando relações desiguais de raça, etnia, gênero, nacionalidade. Apresentamos aqui como brasileiras, imigrantes e prostitutas, vivenciam as heterodesignações como outras, enfocando possíveis interpelações às hierarquias sociais a partir de sua condição de imigrantes na Europa e prostitutas. Para tanto, faremos uma análise da crise que os estados-nacionais europeus têm vivido e que tem como consequência o acirramento de práticas xenófobas e racistas. Apresentaremos também a análise de entrevistas em profundidade realizadas com prostitutas imigrantes brasileiras em Madri, Espanha.
Resumo: Apesar de representar menos de 10% da população prisional, observa-se um aumento significativo no número de mulheres presas em Minas Gerais. Enquanto, em 2003, contávamos 238 presas, no fim de 2013, já contabilizávamos mais de 2.805 mulheres custodiadas em cadeias, presídios e penitenciárias mineiras. Entretanto, o aprisionamento de mulheres e a participação dessas em atos criminais ainda são recorrentemente analisadas pelo viés do exotismo, como se essa vinculação fosse ‘antinatural’ para as representantes do sexo feminino, carecendo de explicações que vão do economicismo à moralidade, onde a condição financeira, a parceria amorosa, a sexualidade exacerbada, a falta de caráter e/ou a perversidade aparecem como as explicações predominantes para o envolvimento das mulheres com a criminalidade. Ao nos remetermos à história das punições sob as lentes das teorias feministas, buscamos adentrar um campo de estudos restrito e muito tradicional, ressaltando a importância de analisarmos as instituições prisionais para mulheres a partir das experiências das presas, buscando compreender e questionar os imperativos de seletividade e controle que caracterizam o nosso sistema penal, os quais forjam naturalizações e encobrem processos sócio-históricos que contribuem para a captura de determinadas mulheres e as condenam à privação da liberdade.
RESUMO Os estudos de gênero e feministas têm sido desenvolvidos em diversas áreas das ciências humanas e sociais no Brasil, contribuindo para a consolidação de um campo de pesquisa amplo, marcado por uma heterogeneidade epistemológica, teórica e metodológica. Entretanto, a literatura indica que o campo do gênero tem vivido uma crise significativa, principalmente a partir das críticas que tal noção recebeu das feministas da terceira onda. Interessou-nos analisar se e como no contexto brasileiro tais críticas têm marcado a produção em psicologia social. Para tanto, identificamos e analisamos as produções sobre gênero publicadas na revista Psicologia & Sociedade, no período de 1996 a 2010. Apresentamos características gerais dos artigos com foco em aspectos quantitativos e analisamos, em termos qualitativos, as formas de utilização da noção de gênero. Foi possível concluir que gênero é uma categoria multidimensional que exige especificações quando utilizada como categoria analítica.
Neste artigo, analisamos as contribuições do debate feminista sobre interseccionalidade de categorias sociais para a psicologia social comunitária no Brasil. Esta se constituiu como campo teórico dedicado a analisar as desigualdades sociais que marcam as sociedades contemporâneas e a propor processos metodológicos de intervenção para problematização e transformação dessas realidades. Discutimos como a emergência de novos atores e demandas no espaço público, de forma distinta dos anos 1960/1970, tem exigido compreender as opressões a partir de sistemas de poder diversos, como os de gênero, de raça e de sexualidade. Conclui-se que a análise interseccional deve considerar diversos níveis de relação entre as categorias, o histórico diferenciado destas e os aspectos comuns dos distintos sistemas de poder, como naturalização das desigualdades, relação entre o público e o privado e relação entre igualdade e diferença. As análises baseadas na interseccionalidade podem contribuir para processos de intervenção social que considerem a complexidade das sociedades contemporâneas. This article analyzes the contributions of feminist debate about intersectionality of social categories for Community Social Psychology in Brazil. This was set up as dedicated to theoretical analyze the social inequalities that characterize contemporary societies and propose methodological processes of intervention for questioning and processing of these realities. We discuss how the emergence of new actors and demands on public space, as distinct from the 60/70, is required to understand the oppression from various power systems such as gender, race and sexuality. We conclude that intersectional analysis should consider different levels of relationships between categories, the history of the same differential and common aspects of different systems of power as naturalization of inequality, the relationship between public and private relationship between equality and difference. Analyses based on intersectionality can contribute to processes of social intervention that considers the complexity of contemporary societies. Mayorga, Claudia (2014). Algumas contribuições do feminismo à psicologia social comunitária. Athenea Digital, 14(1), 221-236. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenead/v14n1.1089 Introdução A questão da mudança social está, mais uma vez, colocada para todos nós, em um contexto mundial em que grandes transformações vêm ocorrendo e em que os eixos de poder e também de dominação/opressão têm se reconfigurado, apontando para novas complexidades. Essa reconfiguração não se dá sem a presença contundente de diversos atores/atrizes na cena pública que tem tensionado de forma contundente instituições que pareciam estar consolidadas, mesmo que parcialmente, como o campo dos direitos, da cidadania, da política. Para nós, do campo do feminismo, e também de uma posição 221 Palavras-chave
Nos estudos acerca da juventude e ativismo político encontramos posições que ora qualificam essa experiência como apática e desconectada da política, ora como essencialmente predisposta à política. Discutimos as respostas dicotomizadas a essa questão -a não problematização da noção de política e da real possibilidade de os jovens serem compreendidos como atores políticos -bem como o privilégio de estudos de cunho quantitativo têm levado a reducionismos que impedem uma análise mais contundente das complexas dinâmicas psicossociais que marcam a aproximação entre juventude e política. Apresentamos algumas notas metodológicas sobre essas questões. Refletimos sobre elementos de uma concepção de ciência que podem orientar uma posição não reducionista sobre a relação juventude e política, sobre interpretação, saberes localizados e reflexividade necessários a essa perspectiva e sobre a dimensão política da pesquisa qualitativa. Apresentamos, ainda, aspectos metodológicos da pesquisa sobre juventude e participação política desenvolvida
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