A cobertura da pandemia da Covid-19 reafirmou a centralidade dos telejornais como fontes de informação credíveis ancoradas na ciência no combate à desinformação no Brasil, em um contexto de forte polarização política. A partir de um mapeamento das pesquisas em telejornalismo realizadas nos últimos dez anos, da Análise Televisual de duas edições de noticiários televisivos exibidos em horário nobre e de entrevistas com jornalistas, este trabalho revela que a subjetivação das narrativas telejornalísticas se constituiu como recurso discursivo relevante para intensificar os vínculos com as audiências, rechaçar a negação da ciência e reafirmar a relevância do jornalismo para a democracia no país.
O jornalismo tem passado por transformações em um cenário de demissões e de maior participação do público. Somam-se a isso, ataques à imprensa. Como reação, veículos e profissionais inovaram, inclusive em ações nas redes sociais digitais. Em paralelo, uma nova narrativa pode ser percebida. Subjetiva e dialógica, essa narrativa pode ser vista como produto editorial e mecanismo de atração de público, mas também como humanizadora da atividade. É essa configuração que o presente estudo de caso analisa.
O telejornal brasileiro passou por uma série de mudanças diante dos desafios da cobertura durante a pandemia Covid-19, com alteração das rotinas produtivas, demanda por novos papéis e competências profissionais e novas produções de sentido nas telas. Mudanças na anatomia do telejornal (Piccinin & Soster, 2012) marcam fases, que também incluem a construção narrativa que vinha sendo feita sobre a própria pandemia em todos os momentos. O objetivo deste artigo é apresentar uma análise da cobertura da pandemia em 18 edições dos telejornais RJ1 e RJ2, veiculados no estado do Rio pela Rede Globo. A metodologia adotada foi a de estudo de caso (Yin, 2011), nos primeiros nove meses de cobertura da Covid-19, tendo como referencial teórico as fases do telejornal brasileiro detectadas por Silva (2018). Buscamos aqui identificar novas estratégias narrativas (Thomé & Reis, 2019a), observando características de fases anteriores que foram retomadas e/ou ressignificadas, e também como a pandemia alterou rotinas produtivas e gerou novas produções de sentido nas telas. Fontes de informação com microfone em mãos, imagens enviados por aplicativos, repórteres com máscaras em coberturas externas, imagens de arquivo ressignificadas e predomínio de contribuições de repórteres "ao vivo". As mudanças na anatomia do telejornal (Piccinin & Soster, 2012) passaram por fases, que incluem também a construção narrativa que se fazia sobre a pandemia em cada momento da cobertura televisiva analisada.
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