O artigo trata de eventos interativos de bebês com coetâneos. Inicialmente, abordamos concepções e métodos de estudo sobre interação de bebês na literatura, a partir da década de 1970. A seguir, apresentamos estudo empírico realizado através da análise de gravações em vídeo do projeto Processos de adaptação de bebês a creche, que acompanhou 21 bebês (4-14 meses) em creche universitária. A investigação deu-se em duas fases. A primeira, pela identificação de episódios interativos envolvendo os 21 bebês, considerando-se interação como fazer algo juntos. A segunda, pela análise microgenética dos episódios interativos de um bebê. Tal análise revelou freqüentes, fluidas e entrecortadas interações, que ultrapassam o fazer algo juntos, podendo o comportamento ser regulado mesmo à distância e mesmo que um dos parceiros não saiba que está regulando o comportamento do outro. Isso nos levou a tratar as interações como ocorrendo em um campo interativo, através da concepção de co-regulação do comportamento.
Resumo Neste artigo, mostramos algumas características dos processos interativos de crianças fundamentalmente no 1º ano de vida, através do estudo de alguns episódios de interação, recortados através do registro em vídeo, durante pesquisa em uma creche universitária, com crianças (7 a 14 meses) brincando livremente. Num primeiro momento, mostramos a importância da definição de um conceito de interação que consiga captar e traduzir as características das interações ocorridas nessa faixa de idade. Também, mostramos a importância dos procedimentos metodológicos, usados para recortar o material empírico, na definição desse conceito de interação. Nessa faixa etária, os episódios de interação encontrados são bastante rápidos e desordenados e estas características são resultantes, em grande parte, do desajeitamento motor dos bebês. Esta incompletude motora, por sua vez, pode ser um elemento capaz de prolongar um episódio de interação entre crianças pequenas e/ou mesmo propiciar o surgimento de novos episódios de interação. Palavras-chave: Interação de bebês; desenvolvimento de bebês; incompletude motora; bebês em creche. Incompleteness as a Virtue: Interaction of Babies at Day Care
ResumoEste trabalho surgiu como um foco secundário de uma pesquisa sobre interação criança-criança. Nesse estudo é proposto um meta-olhar sobre o fazer do pesquisador, analisando o próprio "coletar dos dados", com a idéia de que os dados não são dados, mas construídos na interação entre a rede de significações do pesquisador e os eventos no aqui-e-agora da situação observada. Assim, partindo do pressuposto da incapacidade estrutural humana de um acesso a uma realidade externa independente (Maturana & Varela), este segundo foco de pesquisa delimita três perspectivas diversas sobre os "dados coletados", a serem igualmente consideradas: 1) a perspectiva do pesquisador; 2) a das educadoras envolvidas no cuidado das crianças; 3) a das próprias crianças. Essas perspectivas mostraram-se freqüentemente divergentes. Os episódios apresentados nesse trabalho permitem uma análise dessa diversidade de perspectivas, propiciando interpretações e ações que por vezes ocasionam desencontros ou interrupções nas interpretações e no fluxo de interações.Palavras-chave: Perspectiva do pesquisador, Perspectivas divergente, Bebês na creche, Episódios de interação. AbstractMultiple perspectives about young infants playing at day care. This work emerged as a secondary focus in an initial research about child-child interaction. It proposes a look at the research process analyzing the "collecting the data" itself, bearing in mind that the data are not given, but constructed in the interaction between the researcher's network of meanings and the events observed in the here-and-now situation. Therefore, from the premise of human structural limitation to the access of an independent external reality (Maturana & Varela), this second focus of research proposes three different perspectives about the "collected data" to be equally considered: 1) the researcher's perspective; 2) the perspective of the caregiver responsible for the children; 3) the children's themselves. These perspectives are often divergent from each other. The analysis of some episodes shows that some interpretations and actions may lead to mis-encounters or interruptions in the interpretations and flow of actions.
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