Com este texto perscruta-se a maneira como a razão secular contribuiu para pensar a experiência de Deus no contexto pós-cristão e pós-metafísico. Neste novo contexto, explicitam-se as principais contribuições do “niilismo místico” à possível experiência religiosa no marco de novas condições culturais. Fundamental será a assunção da desconstrução enquanto método do pensamento crítico. Segue-se o teólogo mexicano Carlos Mendoza Álvarez que, partindo da crítica pós-cristã aos sistemas de crença e de moral, propõe a superação dos obstáculos que impedem o acesso ao manancial divino e, consequentemente, a volta à coisa mesma da fé cristã. Nesse horizonte, emerge a desconstrução do cristianismo como um imperativo ontológico para superar a metafísica clássica e, consequentemente, ascender à metafísica do Ser Superessencial. Inserido, pois, em sua própria desconstrução, do cristianismo declosionado surge a fé niilista como uma potência da subjetividade, como o estágio que representa a passagem de mundo da crença para o mundo iconoclasta e apofático, isto é, o mundo da fé sem a idolatria do sujeito.
A partir da instrumentalidade da Hermenêutica Negra Feminista, pretende-se interpretar Cântico dos Cânticos, capítulo 1, versículos 5-6. Nesse exercício hermenêutico que privilegia a experiência da mulher negra, marcada pelo sexismo, racismo e classismo, propõe-se resgatar o texto de sua unilateral interpretação ocidental. Evidencia-se que a tradução desse texto bíblico tem sido condicionada pela lógica do etnocentrismo, e as interpretações são pautadas pelo eurocentrismo, o que acaba inviabilizando a identificação da influência afro-asiática na formação e autocompreensão dos israelitas.
RESUMO: O contexto hodierno está marcado pela violência intersubjetiva em escala planetária, que coloca em risco o futuro da humanidade e do planeta. Diante disso, somos levados a perguntar: haverá esperança para a humanidade? Onde está Deus diante do sofrimento do inocente? Estas questões requerem da teologia uma aproximação ao real, sem cair, contudo, na tentação de apelar para um resgate milagroso ou ficar paralisada frente ao nada. Antes, ela deverá pensar na contribuição do cristianismo entre a derrocada do sujeito moderno e a emergência da vulnerabilidade. Depara-se, pois, com a crise do humanismo moderno e a abertura à uma nova hermenêutica do humano como possibilidade de encontrar na kénosis outra maneira de ser-no-mundo em tempos de fragmentos. Nesse horizonte, apresentamos duas versões da narrativa cristã que tematizam outro modo de ser-no-mundo, na assunção da vulnerabilidade constitutiva da subjetividade, como caminho de redenção.ABSTRACT: Today’s context is marked by intersubjective violence on a planetary scale, which keeps the future of the humanity and the planet at risk. As a result, we are compelled to question: will there be a hope for the humanity? Where is God amidst the suffering of the innocents? These questions require from theology, a true approximation to the reality, without falling, however, into the temptation to look for a miraculous rescue or to be paralyzed in the pain of emptiness. Rather such questions should reflect upon the Christian contribution which throws light on the destructiveness of the modern subject and the emergence of the vulnerability. One finds, therefore, with the crisis of modern humanism and the openness to a new hermeneutic of the human, as a possibility of finding meaning in the kenosis, a different way of being-in-the-world in times of fragmentations. In this perspective, we present two versions of the Christian narrative that thematisize the other way of being-in-the-world, in the assumption of the constitutive vulnerability of the subjectivity, as a path of redemption.
Desde o século XV, o racismo anti-negro segue se projetando violentamente sobre o corpo negro. Razão pela qual, a questão do perdão, do ressentimento, da reconciliação são pontos nevrálgicos para o pensamento negro. Em geral a razão branca e eurocentrada fala do perdão e da reconciliação em termos de ajustamento, sem levar em consideração o colonialismo como principal fratura histórica na intersubjetividade que expulsou o negro da relação dialética em vista da dominação política-econômica. Entretanto, sabemos que o advento da nova humanidade, isto é, o estágio harmonioso do mútuo reconhecimento, não pode chegar se não por meio da superação do ódio, do ressentimento e do perdão. Um engano, contudo, é pensar que esse estágio pode advir sem a justiça para as vítimas e o arrependimento dos verdugos, que para o negro implica a desalienação, a modo fanoniano, que restaure às condições em que o amor possa emergir. Neste horizonte, nos propomos a seguir pensando o perdão, não nos moldes dogmáticos e intimista, mas como um estágio da subjetividade radicalmente aberta a outrem e na gratuidade, para além da dialética, a saber: per-dón. Pretende-se, pois, seguir pensando na ontologia relacional como única saída possível para a nossa comum humanização.
Busca-se explicitar o novo paradigma para uma teologia da revelação no contexto pós-moderno, desenvolvida ao longo de 25 anos pelo teólogo mexicano Carlos Mendoza Álvarez. O frei dominicano, em contínua recepção criativa do Concílio Ecumênico Vaticano II, mais especificamente, da Constituição Dogmática Dei Verbum, assume a fenomenologia da subjetividade (pós)moderna como lugar da revelação do Deus absconditus; visto que a experiência do devir da subjetividade é um rastro da transcendência inscrita no coração da imanência. Assim, de maneira inédita no contexto latino-americano, dá-se a assunção do niilismo pós-moderno como locus theologicus. Compreendendo que a subjetividade é nossa maneira de ser no mundo, descreve-se a constituição da subjetividade vulnerável pós-moderna em sua relação constitutiva com a alteridade e com a transcendência, como lugar do nosso encontro com Deus. Partindo, pois, do realismo ontológico do niilismo, o teólogo mexicano aposta no desenvolvimento de uma ontologia relacional na gratuidade, por meio da qual será possível afirmar tanto a livre iniciativa divina em salvar-nos como a liberdade humana na recepção do dom, abrindo assim espaço para uma nova síntese sapiencial ao modo de Atenas e Jerusalém. Com este texto, pois, descreve-se a via imanente da revelação divina, através da experiência da subjetividade vulnerável aberta e em doação.
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