Esse artigo apresenta os resultados de inventário realizado sobre a trajetória histórica das instituições de saúde na cidade de Belém, levando em conta sua arquitetura e as mudanças de função que sofreram ao longo do tempo. Essas mudanças estão impressas nas próprias edificações e na memória da população belemense, bem como nos apagamentos decorrentes das demolições de edifícios da saúde. A documentação resultante inclui documentos institucionais, fotografias antigas e atuais, desenhos arquitetônicos e entrevistas, os quais configuram um acervo inexplorado para a compreensão do cuidado com a saúde no Norte do Brasil. A recomposição das trajetórias de implantação e deslocamento das instituições estudadas contribui para a compreensão do processo de expansão urbana, com ocupação de áreas alagadas (decorrente da implantação dos hospícios) e áreas de terra firme, vetor de expansão priorizado pelas políticas higienistas. Palavras-chave: Patrimônio da saúde, memória, Belém.
A construção do conceito de patrimônio na cultura contemporânea nos convida a uma reflexão sobre os contextos de recepção dos bens a serem preservados. Neste panorama, as ruínas assumem significados distintos, acentuando a disparidade entre as noções de duração e o papel do patrimônio edificado para a constituição das singularidades locais. Considerando as ruínas como fenômenos característicos da modernidade, arquiteturas da Belém histórica dialogam com outros artefatos no Brasil e em Portugal para fazer pensar no sentido antropológico da duração
Este trabalho integra-se aos estudos sobre o patrimônio da saúde no Pará e tem o intuito de analisar elementos estético-funcionais do antigo Sanatório Barros Barreto (atual Hospital Universitário João de Barros Barreto). Este hospital foi produzido em um período em que a tuberculose causava altos índices de mortalidade no país, como parte das políticas públicas para controle da doença em que a Arquitetura Moderna era o padrão adequado. Através das pesquisas bibliográfi ca e documental aborda-se de forma qualitativa elementos arquitetônicos do antigo sanatório, fazendo-se um paralelo com elementos presentes na arquitetura moderna da saúde no Brasil, bem como destaca-se a estratégia de construir o sanatório afastado do centro urbano, devido às políticas de isolamento, em uma área considerada aprazível e arborizada, no bairro do Guamá. Ademais, esta análise de elementos demonstra que seguiam princípios funcionais, além de uma reprodução em massa, afastando-se da preocupação com a estética e atualmente, devido as necessidades contemporâneas presentes no Hospital, é perceptível a difi culdade em conciliar os usos originais dos ambientes da edifi cação, como demonstra a modifi cação e extinção das antigas varandas para inserção de banheiros nas enfermarias e o esquecimento do antigo parque dos eucaliptos.
O artigo analisa a relação entre as políticas higienistas que vigoraram na cidade de Belém ao final do século XIX e a expansão das atividades da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Considerada uma das primeiras instituições hospitalares da então Província do Grão-Pará, a Irmandade, além de seu hospital próprio, administrou diversos outros estabelecimentos de saúde na capital. O estudo de seu deslocamento físico permite o "desenho" de três núcleos da Saúde em Belém: Pioneiro, de Expansão e da Santa Casa, que reforçam os vetores de crescimento da cidade. A expansão de suas atividades se configura como ampliação da Misericórdia para atender os desvalidos e enfermos, que precede a instauração de um sistema de saúde pública no Pará.
O Hospital Bom Jesus dos Pobres Enfermos foi erigido pelo Frei Caetano Brandão, tendo em vista a necessidade de acolhimento da população desvalida. O Hospital de Caridade possuía estrutura simples em contraste aos modelos coetâneos, mas realizava o cumprimento eficaz de sua função. Apesar de ter sido construído para ser um hospital, o Bom Jesus não possuía tipologia típica destes estabelecimentos, podendo ser equiparado às Misericórdias portuguesas, as quais raramente erigiram construções de raiz, pois instalavam-se em prédios preexistentes. Durante o período em que esteve sob diversas posses, o edifício passou por significativas modificações, o que, em conjunto com a escassez de documentação, contribuiu para o seu desaparecimento. Com o intuito de contribuir para a ativação da memória social a respeito dos edifícios assistenciais, propõe-se uma reconstituição gráfica da fachada do hospital, bem como de seus vizinhos, estimulando o entendimento destes enquanto patrimônio da saúde e da cidade de Belém.
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