A observação multitemporal das alterações na paisagem, que afetam a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, podem subsidiar tomadas de decisões relacionadas a conservação e a gestão de recursos naturais. O presente estudo realizou uma análise temporal do uso e da cobertura do solo no estado de Sergipe, avaliando os distintos fatores impulsionadores deste processo no período entre 1985-2020. As informações relativas às classes de cobertura e uso do solo e “cicatriz do fogo”, obtidas do Projeto MapBiomas, foram consolidadas em um banco de dados integrando-as às informações agropecuárias extraídas do Sistema IBGE de Recuperação Automática. A análise de regressão múltipla linear, realizada para avaliar as interrelações entre as distintas classes de uso do MapBiomas, indicaram a classe “agropecuária” como principal força motriz do processo de conversão de áreas naturais para áreas antropizadas (r2 = 0,99; p < 0,05), com perda de cerca de 40% das tipologias que compõem a classe “floresta” no estado. As análises de correlação destacaram significativa relação entre a diminuição da classe “floresta” e o acréscimo de áreas destinadas à plantação de milho (r = -0,62) na Caatinga, e laranja (r = -0,52) e coco-da-baía (r = -0,51) na Mata Atlântica. O intenso avanço das atividades agropecuárias em detrimento dos ambientes naturais florestais impõe sérias ameaças à diversidade biológica. Além da proteção dos ambientes naturais florestais, faz-se necessário avançar em iniciativas de recuperação de áreas degradadas e de regeneração florestal, com o objetivo de mitigar os impactos na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos no estado de Sergipe.

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