Resumo Este artigo investiga os entrelaçamentos entre poesia, cidadania e insurgência na São Paulo contemporânea a partir do Slam Resistência, uma batalha de poesia que acontece desde 2014, todos os meses, na Praça Roosevelt, no centro da cidade. Para tanto, dada a novidade que essa nova forma de poesia constitui, apresentaremos as origens e os percursos da slam poetry até sua chegada a São Paulo e discutiremos a forma como o slam transforma a relação entre público, poeta e poesia, redefinindo seus termos. Em seguida, veremos como, ao se afiliar simultaneamente aos suportes oral, visual e escrito, o slam mistura as esferas do público e do privado, do político e do pessoal. Dessa forma, no Slam Resistência, a prática da cidadania insurgente acontece no centro da pólis e toma a praça, ocupando e ressignificando o espaço público.
Vivemos hoje um boom de livros sobre a memória, seja ela pública ou privada: autobiografias, biografias, metaficções historiográficas. É neste contexto histórico-cultural que se insere o romance que o presente artigo se propõe a analisar. <em>Nove Noites</em>, de Bernardo Carvalho, publicado em 2002, parece ser parte de uma busca do autor pela reafirmação do valor da ficção. Apropriando-se, de maneira vertiginosa, de formas literárias que se articulam a partir de um limite mais próximo da realidade – da biografia, da autobiografia e da metaficção historiográfica –, o romance emprega a linguagem e as estratégias destas formas literárias de modo a fazer com que o pacto com a ficção sempre prevaleça sobre o pacto com a realidade. Este artigo tenta descrever como esse processo acontece no romance.
Este artigo analisa a re-visão que Margaret Atwood faz da Odisseia em A odisseia de Penélope. Para tanto, partimos de Bakhtin (1993) para mapear a subversão operada pela versão de Penélope dos traços constitutivos do épico. Ao destronar Odisseu e dar voz, em primeira pessoa, à Penélope e às doze servas enforcadas no retono de Ulisses à Ítaca, Atwood rompe com a linguagem épica sagrada, desmistifica a lenda e atualiza o passado épico absoluto, oferecendo, no lugar da narrativa grandiosa, a experiência pessoal e privada da vida das mulheres. Analisamos também algumas das implicações da reescrita do mito homérico por uma escritora canadense contemporânea. Argumentamos que, ao matar Homero enquanto Autor, Atwood tanto inscreve sua obra no cânone quanto abre espaço para o reconhecimento de outras versões da história.
The dispute towards the meanings of citizenship and poetry is one of the main concerns of the slam poetry produced in São Paulo and Rio de Janeiro between 2016 and 2020. This text analyzes works by Carol Dall Farra, Lucas Afonso, Luiza Romão, Luz Ribeiro, Mel Duarte, Roberta Estrela D’Alva, Tom Grito and Valentine and the context of their performance. It tries to foreground the mutually constitutive relationship between poetry and citizenship in the slam produced in these cities during this period. This relationship is grounded both at the level of the word, in the topics brought to discussion by the poets, and at the level of performance, in the enactment and collective pratice of slam poetry by the members of its community, its organizers, poets and audience members.
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