A partir da reemergência da febre amarela em 2014/2015, o Brasil registrou nos anos sequentes sua maior epidemia de febre amarela das últimas décadas, atingindo principalmente a região sudeste. A febre amarela, doença viral hemorrágica, é causada por um flavivírus, transmitido por mosquitos silvestres (Haemagogus; Sabethes). Na ocorrência do ciclo urbano, erradicado no Brasil desde 1942, a transmissão se dá pelo Aedes aegypti. Primatas não humanos são os principais hospedeiros do vírus e constituem “sentinelas” na vigilância da febre amarela. Este artigo descreve as ações de controle e prevenção desencadeadas durante a epidemia de febre amarela no Estado do Espírito Santo, Brasil, e a implementação da vacinação por meio de um estudo ecológico com abordagem espacial. O estudo evidenciou a falha na detecção de epizootias em primatas não humanos pelos serviços de vigilância do Espírito Santo, sendo simultânea à detecção em humanos. Apresentou a evolução das ações de vacinação, com alcance de 85% de cobertura vacinal geral para o estado em seis meses, sendo heterogênea entre os municípios (de 59% a 122%). Destaca-se que 55% dos municípios com ações de imunização em tempo oportuno, considerando o intervalo adotado para este estudo, não apresentaram casos em humanos. A intensificação das ações de vigilância, interlocução entre as áreas e equipes multidisciplinares na condução da epidemia otimizou a detecção e o diagnóstico dos casos em humanos e viabilizou o controle da epidemia. Foi possível reconhecer avanços, apontar algumas medidas tardias e lacunas na vigilância que necessitam melhorias.
La planificación y ejecución del Plan Nacional de Inmunizaciones contra el COVID-19 en Brasil se han desarrollado en un escenario de crisis sanitaria y política, afectado por intensas discusiones y desacuerdos entre las áreas técnica y de gestión del gobierno. Así, a pesar de la exitosa experiencia del Programa Nacional de Inmunizaciones brasileño en grandes campañas de vacunación, la actual campaña contra el COVID-19 ha resultado todo un desafío. En esa compleja realidad se destacan como puntos negativos el negacionismo de las autoridades del país frente a esta grave enfermedad; la oferta y distribución de información a la población de forma insuficiente y precaria; la circulación de información falsa y sin base científica sobre las vacunas o sobre la existencia de un tratamiento precoz propagadas por el propio Presidente de la República generando desinformación; los constantes cambios en el Plan; y la recomendación de utilizar las reservas de vacunas destinadas a la segunda dosis, provocando un retraso en el calendario de vacunación al no facilitar otras a tiempo. Todas estas alteraciones experimentadas a lo largo del camino, muchas de ellas sin apoyo científico, han contribuido al grave panorama que se vive actualmente en Brasil.
Introdução A escassez de insumos tem sido uma grande limitação para o avanço da vacinação. O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade, imunogenicidade e segurança da meia dose da ChAdOx1 nCoV-19. Métodos Ensaio clínico controlado não randomizado de fase III com grupos de comparação interna e externa (profissionais de saúde vacinados com dose plena). Moradores de Viana-ES, 18-49 anos, receberam duas meias doses da ChAdOx1 nCoV-19, com intervalo de 8 semanas. Foram estudados a incidência novos casos, número de mortes, internações e admissões em UTI, anticorpos neutralizantes por teste de neutralização em placa (PRNT) e quimioluminescência contra a porção RBD da fração S1 da proteína Spike, anticorpos totais IgG específico para SARS-Cov2, fatores solúveis sistêmicos, imunidade celular por estimulação antígeno-específica de células mononucleares do sangue periférico in vitro e investigação de Linfócitos T e B de memória e de citocinas intracitoplasmáticas. Eventos adversos foram monitorizados por diário, registro em plataforma digital, busca ativa por telefone, notificações no E-SUS notifica. Tempos de coleta: antes, 28 dias após 1ª.(D1) e 2ª. (D2) doses, e seguimento 3,6,12 meses pós D2. Resultados: Dos 27.000 elegíveis, 20.546 indivíduos receberam duas meias doses. Desses, 572 coletaram amostras biológicas. Após D2, a taxa de soroconversão entre soronegativos no baseline (n = 239) foi 99,8% semelhante à dose plena (DP) (n = 104, 100%). A média geométrica dos títulos de anticorpos (IC95%; UA/dL) foi 1.324 (1.148-1.527) com a MD e 3.727 (2.975-4.668) com DP (p < 0,001). No subgrupo com infecção natural prévia, os títulos foram semelhantes à dose padrão, mas houve queda dos títulos após D2 comparado com D1 nos dois grupos (MD = 9.569 (8.768-10.443) vs. 5.742 (3.195-6.347)), (DP = 9.533 (7.377-12.319) vs. 4.915 (3.767-6.412)). A frequência de eventos adversos foi semelhante, mas a duração dos sintomas foi menor no grupo MD. Não ocorreram eventos adversos graves. Taxas de casos confirmados após imunização completa foi semelhante à dose plena (20/248.830 vs. 28/419.248 casos/pessoas dia). Conclusão Meia dose da ChAdOx1 nCoV-19 é segura, imunogênica e capaz de induzir anticorpos neutralizantes em 99,8%. Em pessoas que tiveram infecção natural, uma meia dose foi semelhante a dose plena, e suficiente para induzir altos títulos de anticorpos. Resultados de imunidade celular e efetividade estão sendo analisados. Apoio ICEPi/SESA, MS, PNI, OPAS, HUCAM, UFES, EBSERH.
Introdução A escassez de insumos tem limitado o avanço da vacinação contra a Covid-19, no mundo. A vacinação com meia dose da ChAdOx1 nCOv-19 foi comparada à dose padrão no Estudo Viana. O objetivo deste estudo foi avaliar e monitorar os eventos adversos com meia dose e comparar com dose padrão. Métodos Ensaio clínico de fase III que testou meia dose da ChAdOx1 nCoV-19 (AZD1222) em adultos de 18 a 49 anos da cidade de Viana - Espírito Santo. Os eventos adversos foram avaliados por meio de registros no sistema e-SUS notifica, busca ativa e estudos de casos de eventos adversos pós-vacina (EAVP) e eventos adversos de interesse especial (EAIE), telefone celular e 0800 disponível aos participantes, questionário eletrônico 7 e 30 dias após a primeira e segunda dose, busca ativa SAC Fiocruz e disque intoxicações, busca ativa de rumores no CIEVS, vigilância de todos os óbitos do município. Em uma subamostra, os eventos adversos foram avaliados por diário auto-aplicável e entrevista aos participantes, 28 dias após a primeira (D1) e a segunda dose (D2). O mesmo questionário foi aplicado numa coorte de trabalhadores da saúde, ajustado por idade, que recebeu 2 doses de dose padrão. Resultados Foram incluídos 20.546 participantes. Desses, 572 foram convidados a responder um diário de eventos adversos. Dessa subamostra, 501 e 381 devolveram os diários pós D1 e D2. Não houve reações graves. Os sintomas mais frequentes foram (84% e 52%, p<0,001), e maior duração (5±4 e 2±3 dias) após a 1a dose. Os sintomas mais citados foram dor local (69% e 34%), cefaleia (51% e 21%), mal-estar (47% e 21%), calafrio (37% e 13%), dor muscular (36% e 14%) e articular (30% e 13%), endurecimento da pele (31% e 16%), região quente (23% e 14%), vermelhidão (13% e 8%). Lesão cutânea (23% e 14%), febre (23% e 8%) náuseas (17% e 8%) e vômito (2% e 1%) foram menos frequentes. Comparativamente, não houve diferença entre meia dose comparado dose padrão pós D1 (83% vs. 84%, p = 0,840) ou D2 (52 vs. 57%). No entanto, a duração dos sintomas foi menor com meia dose (dor local, cefaleia, cansaço, dores musculares, dores articulares, febre, endurecimento local, edema, hematoma). Conclusão Os eventos adversos da ChAdOx1 nCoV-19 foram leves, e a frequência geral foi semelhante com meia dose ou dose padrão. No entanto, a duração dos sintomas foi menor no grupo da meia dose. Reatogenicidade foi menor pós segunda dose, nos dois esquemas vacinais.
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