fim de identificar processos de naturalização do modelo binário de gênero produzido pela instituição da heterossexualidade compulsória. Para isso, consideramos a narrativa, enredo e desfecho das estórias, bem como as características visuais das personagens, ponderando a coerência entre o aspecto verbal e não verbal das obras. Como resultado, podemos constatar que os dois primeiros filmes citados apresentam marcas mais salientes de performatividade do gênero através dos dois aspectos. Os dois últimos, apesar de apresentar ruptura com o modelo tradicional de representação dos gêneros através do comportamento das personagens, ainda exibe atos repetitivos estilizados como formador da disparidade feminino/masculino. Para melhor rendimento da análise usamos como principal fundamentação teórica os autores: Judith Butler, Michel Foucault e Slavoj Zizek.Palavras-chaves: performatividade, enunciação fílmica, heterossexualidade compulsória. transmissão da narrativa, necessita de sincronia e coerência entre linguagem verbal e não-verbal, bem como fala dos personagens, narração, aspecto visual, e os gestos e comportamento das personagens.Além disso, para realizarmos esse trabalho de análise, nos fundamentamos nas teorias do gênero de Judith Butler, na teoria Foucaultiana de poder/disciplina como agente e produto do discurso, bem como as técnicas disciplinares como ferramentas de inscrição do poder.
A VERDADE DO SEXO E DO GÊNEROEm seu trabalho História da sexualidade vol. 1, Foucault desconstrói a idéia do modelo repressivo sobre o sexo e afirma que há na verdade uma incitação dos discursos sobre o mesmo. A política do sexo é a necessidade de controlar o sexo através do discurso, de discipliná-lo, de gerir enunciados úteis. Essa incitação dos discursos não ocorre apenas de maneira quantitativa, mas também de forma qualitativa, houve a intensificação padrões a serem seguidos e multiplicaram-se as condenações perversas. O direito canônico, a pastoral cristã e a lei civil regiam as práticas sexuais, delimitavam o proibido do permitido. Todos estavam centrados nas relações matrimoniais, na relação conjugal monogâmica heterossexual, carregada de instruções, indicações, prescrições, normas e diretrizes.Práticas como sadomasoquismo, poligamia, busca de prazeres fora do matrimonio, qualquer tipo de desejo ou fantasia que fugisse à regra era estigmatizado. Não obstante, os meios científicos tomaram para si esse campo como objeto de saber, definindo uma norma de desenvolvimento sexual de forma a controlá-lo através dos discursos médicos e pedagógicos.Perante todo esse mecanismo acabamos por inventar uma nova forma de prazer, o prazer da verdade sobre o sexo. Com isso, nós ocidentais criamos o que Foucault chama de "scientia sexualis". O sexo deixou de ser somente objeto de sensações e prazer, de permissível ou proibido, e passou a ser tomado como objeto de verdade, que, através da confissão, será estudada e investigada a partir dos mais diversos campos de saberes. Porém, a confissão agora em sua forma legitimada, através da consolidação...