O objetivo desse artigo é indagar sobre práticas matemáticas junto à arte e ao cotidiano. Para tanto, recorre-se a uma formação de professores realizada sob a forma de oficinas, cujo propósito foi relacionar matemática e arte por meio de imagens de pinturas. Entre a problematização sobre matemática e arte, as seguintes perguntas foram lançadas: “Ao olhar para as imagens, alguma coisa da arte lhes remete à matemática? Ou, ao contrário, a matemática remete à arte?”. Ao colocar as respostas dos professores sobre a mesa, a estratégia que adotamos não está em refletir ou compreender sobre como professores pensam ou propõem relacionar a matemática com a arte para melhor ensinar em suas salas de aula, nem mesmo propor a eles novas estratégias de ensino. Mas, antes, levantar dúvidas e outras questões acerca dos modos de relacionar a matemática com a arte. Disso evidenciou-se que: a relação tem sido compreendida por discursos do fazer prático, utilitário e cotidiano para ensinar matemática; que as práticas de ensino produzem, silenciosamente, modos de existir, de acreditar, de construir mundos, que são engendradas por uma concepção representacional entre matemática e arte. Em outra direção, problematiza-se uma relação que toma a arte e matemática como lugares potentes para propor exercícios de pensamentos.
Este artigo problematiza o estudar com um grupo de professoras que ensinam matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, compondo um tipo de formação que se denominou pelo ato de caminhar, de trilhar. Um trilhar que, pelas fadigas do andar nos trilhos, nos convoca a fugir de caminhos marcados-cristalizados, incitando-nos a parar, a deter-se, a perder-se, a furar espaços, ahabitar outros, a pensar. Disto fazer emergir pensamentos, ações, forças, resistências, palavras, ficções e reinvenções de coisas que abrem fendas com os próprios pés, e traçam trilhas errantes em outros espaços. Daí a estratégia de um tipo de formação que se dá antes pelo verbo estudar, do que pelo formar. Estudar como um fazer-se trilha, trilhar-se. E, assim, intensificando a percepção de que a trilha é uma espécie de corpo-estudo que está à espera de que algo aconteça, que algo inter-venha. Algo que não é mais da ordem do planejado e esperado, da formação, mas de uma prática e de um exercício educacional de liberdade e silêncio. Pelo estudar exercita-se o silêncio, habita-se espaços e trajetos, cria-se trilhas, num ato solitário e ou em (com)-panhia, onde matemática e o ensino da matemática aparecem como problemáticas de estudo.
O artigo tem como centro de interesse identificar elementos estruturantes de cursos de Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC), tomando por base os projetos pedagógicos de cursos (PPC) que integram as Ciências da Natureza e a Matemática. Para isso, se ancora em estudos sobre a Educação do Campo e, particulariza, os princípios e fundamentos da LEdoC como política pública de formação de professores para atuar, prioritariamente, em escolas do campo. Trata-se de uma análise documental, cujo corpus é constituído pelos PPC de cinco cursos implantados em universidades públicas de diferentes regiões brasileiras e analisados à luz das seguintes categorias: formação em alternância, formação integradora e formação emancipatória. As análises mostram que, mesmo partindo da mesma base, as propostas dos cursos são diferenciadas no que concerne aos objetivos e organização das matrizes curriculares, resultados que estão em consonância com os princípios da Educação do Campo e preconizam uma formação que atenda as especificidades de cada território. Características das formações em alternância, integradora e emancipatória são encontradas, com maior ou menor explicitação, nas cinco propostas analisadas e configuram-se em princípios fundantes, de maneira prescritiva, dos cursos que integram as Ciências da Natureza e a Matemática.
As seguintes perguntas-problema: Ao que e como nos tornamos sensíveis num espaço de formação que reúne matemática, arte e educação do campo? Que forças e que quereres nos movimentam a pensar numa educação do campo agenciada pela matemática e pela arte? movimentam e dão o tom problematizador desta escrita insubordinadamente criativa. Tais perguntas operaram como disparadores em uma oficina que reuniu matemática, imagens da arte, estudantes e uma professora-pesquisadora em uma sala de aula de 7ª fase de um curso de Licenciatura em Educação do Campo. O que se deseja é desassossegar as ideias e fazer pensar, não com o intuito de entender e se conformar diante daquilo que problematizamos, mas de propor movimentos insubordinados que se façam na contramão do constituído, do engessado, e que criem condições para a emergência de outras formas de se fazer educação matemática, abrindo espaços para outro experimentar, outro viver, outro sentir.
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