ESTE ARTIGO baseia-se no emprego de um conceito central do discurso ambientalista - o de sustentabilidade ecológica - para construir um quadro analítico da diversidade socioambiental da Amazônia contemporânea. O exercício consiste em um ordenamento geral de categorias sociais segundo seu comportamento ambiental. Este é o ponto de partida para uma análise dos fundamentos históricos, econômicos e culturais da sustentabilidade ecológica atribuída a cada segmento social. A análise mostra a complexidade da interação entre múltiplos fatores que explicam o comportamento ecológico particular de cada um dos seguintes segmentos sociais considerados: a) povos indígenas de comércio esporádico, b) povos indígenas de comércio recorrente, c) povos indígenas dependentes da produção mercantil, d) pequenos produtores "tradicionais", e) latifúndios "tradicionais", f) latifúndios recentes, g) migrantes/ fronteira, h) grandes projetos e i) exploradores itinerantes. Com este exercício, alguns estereótipos consagrados são contrariados, como aqueles que relacionam baixa sustentabilidade ecológica com pobreza, ou alta sustentabilidade ecológica com identidade indígena. Concluímos mostrando a importância de prosseguir com análises de amplo espectro para entender a diversidade socioambiental da Amazônia.
WITH ONE of the central concepts of environmental discourse - that of ecological sustainability - we analyse the social diversity of contemporary Amazonia, presenting classification of Amazonian social segments according to the degree of environmental sustainability of their productive activities. With no intention of covering all of Amazonian social diversity, we identify nine of its main segments: Indians of sporadic commerce, Indians of recurrent commerce, Indians dependent on mercantile production, traditional peasants, traditional ranchers, recently established ranchers, frontier migrants, large scale entrepreneurial projects, and itinerant extraction producers. The analysis of each socio-environmental category takes into account the characteristics of their economic orientation and ecological cultures. Besides these features, the complex interaction among multiple asocial and environmental factors is demonstrated to explain the specific ecological behaviour displayed by each social segment. With this exercise, some consecrated stereotypes are proven false, such as those that indicate negative correlations between sustainability and demographic density or poverty, and positive correlations between sustainability and Indian identity. We conclude by pointing out the importance of following broad-spectrum analyses in order to understand the socio-environmental diversity of contemporary Amazonia
O termo caboclo é amplamente utilizado na Amazônia brasileira como uma categoria de classificação social. É também usado na literatura acadêmica para fazer referência direta aos pequenos produtores rurais de ocupação histórica. No discurso coloquial, a definição da categoria social caboclo é complexa, ambígua e está associada a um estereótipo negativo. Na antropologia, a definição de caboclos como camponeses amazônicos é objetiva e distingue os habitantes tradicionais dos imigrantes recém-chegados de outras regiões do país. Ambas as acepções de caboclo, a coloquial e a acadêmica, constituem categorias de classificação social empregadas por pessoas que não se incluem na sua definição.Este artigo discute como a construção histórica do termo e o uso da palavra caboclo refletem a história da formação da sociedade amazônica, com sua estrutura de classes e a representação social das
artigo apresenta pleito de um grupo de ciganos Calon, do Bairro São Gabriel de Belo Horizonte, Minas Gerais, pela regularização fundiária de uma área de ocupação histórica. O caso é tomado como base para discutir dilemas do atendimento de demandas de minorias em Estados nacionais. O processo fundiário ilustra a possibilidade de redefinição de práticas estatais a partir da ampliação das margens conceituais adotadas. Mostramos como o enfrentamento da categorização do nomadismo – baseada numa identidade essencializada do modo de vida cigano – e a disputa por significados outros de direitos e justiça levaram ao reconhecimento inédito do direito ao espaço-território pelos ciganos de São Gabriel.
This paper discusses the ability of Sustainable Development Reserves to embed (in Karl Polanyi's sense) the economy into the environment through the development of protocols for the sustainable management of natural resources. Based on two decades of work in the Mamirauá and Amanã Sustainable Development Reserves, we question whether the results are good, fair and viable by comparing two alternatives: unregulated markets and fully protected reserves. We evaluate the interest in sustainability; discuss who benefits and who pays for it; reflect on its potential to reduce inequalities; and discuss its economic and political viability.
Resumo: Este trabalho apresenta um estudo sobre a diversidade da mandioca na região do médio Solimões, enfocando principalmente comunidades localizadas nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, no Amazonas. O estudo associa dados quantitativos e etnográficos. A análise de dados de monitoramento de 13 comunidades de várzea e de terra firme revelou o seguinte padrão de diversidade de manivas (mandioca): riqueza total de 54 variedades, com distribuição ampla de poucas variedades e ocorrência localizada da maioria; riqueza média de dez variedades por comunidade; e coleções familiares com três variedades em média. Uma análise temporal das coleções familiares mostrou a natureza dinâmica da diversidade regional. Ao longo de cinco anos, praticamente todas as 55 famílias acompanhadas alteraram a composição de variedades, mas mudaram pouco o tamanho de suas coleções. Para discutir essa dinâmica da diversidade, realizamos pesquisa qualitativa em três comunidades. Buscamos entender as condições sociais e ambientais que os agricultores enfrentam, as preferências por certas manivas e os padrões de manejo das roças. Mostramos que a diversidade de manivas é resultado de uma prática de experimentação ativa e que a dinâmica das coleções é definida por um conjunto de fatores que inclui o contexto das práticas econômicas, as condições ambientais e a relação histórica da população regional com a mandioca.Palavras-chave: Agricultura familiar. Agrobiodiversidade. Mandioca. Maniva. Rio Solimões. Abstract:The paper presents a study on the manioc diversity in the Middle Solimões region, focusing largely on communities located in the Sustainable Development Reserves of Mamirauá and Amanã, state of Amazonas, Brazil. The study combines quantitative and ethnographic data. The analysis of survey data collected in 13 communities in the 'várzea' and in the 'terra firme' revealed the following pattern of manioc diversity: a total richness of 54 varieties, demonstrating a broad distribution of a small number of varieties and a local occurrence of the majority; an average richness of ten varieties per community; and an average of three varieties maintained per household. A temporal analysis of survey data collected at the household level illustrates the dynamic nature of this regional diversity. Over the course of five years, almost all the 55 accompanied families altered the composition of manioc varieties in their collections; however, the size of these collections showed little variation. To discuss the dynamics of diversity, we conducted qualitative research in three communities. This analysis sought to understand the social and environmental conditions with which farmers contend, patterns of manioc management, and the logic behind farmers' preferences for certain manioc varieties. The research demonstrates that maniva diversity is a result of active experimentation, and that collections of manivas maintained by farmers are dynamic and ever-changing. This dynamism is defined by a series of factors that include economic prac...
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