OBJETIVO: Analisar o nível de satisfação no emprego e o impacto causado nos profissionais de um serviço de saúde mental e possíveis associações com variáveis sociodemográficas e funcionais. MÉTODOS: Estudo transversal com 321 profissionais de uma instituição de saúde mental de longa permanência, no Rio de Janeiro, RJ, em 2005. Os instrumentos utilizados foram: as escalas de avaliação da Satisfação da Equipe em Serviços de Saúde Mental e a do Impacto do Trabalho em Serviços de Saúde Mental, e um questionário sobre características sociodemográficas e profissionais. Para a análise das associações entre variáveis foram empregados os testes Kruskal-Wallis, Mann-Whitney, qui-quadrado e regressão linear múltipla. RESULTADOS: O escore médio de satisfação foi 3,29±0,64 e o de impacto do trabalho foi 1,77±0,62. Dos profissionais estudados, 61,8% apresentaram nível intermediário de satisfação. Foram observadas associações positivas da satisfação com: ter sido contratado por organização não-governamental, exercer atividades sem contato direto com pacientes, trabalhar em projeto inovador, ter idade mais avançada e nível de escolaridade mais baixo. Os níveis mais elevados de impacto do trabalho foram observados entre servidores públicos, jovens e do sexo feminino. CONCLUSÕES: A maioria das características associadas aos menores níveis de satisfação no emprego esteve associada aos mais elevados níveis de impacto do trabalho. Embora os resultados tenham revelado nível intermediário de satisfação, é evidente a necessidade de mudanças por parte do poder público, especialmente no que diz respeito à ampliação de recursos humanos e materiais e à reforma das edificações.
A partir de meados do século XX, nos países desenvolvidos, iniciou-se, de forma mais efetiva, o processo de reformulação da assistência em saú-de mental, com a gradativa substituição do modelo centrado em hospitais por um tratamento de base comunitária 1,2 . Na América Latina esse movimento aconteceu quase trinta anos depois, no processo da luta por direitos civis após déca-das de ditaduras militares 3 .Uma questão importante para a reforma psiquiátrica no Brasil, que já vem causando grande preocupação em países mais avançados em termos de desinstitucionalização, é lidar com aquela parcela da clientela que, mesmo sem os efeitos deletérios de longos períodos de institucionalização, apresenta transtornos graves e persistentes, desafiando as equipes mais instrumentalizadas pelos novos métodos e técnicas 4 . A precária situação econômica do Brasil, com sua desigualdade social crônica, não encoraja projeções otimistas quanto à criação de serviços comunitários na qualidade e quantidade necessárias. Entretanto, esse movimento vem progredindo, ainda que de forma lenta 5 .A possibilidade de reprodução, nos serviços substitutivos, das características negativas do hospital psiquiátrico (descaracterização do indivíduo, institucionalismo, segregação, abandono), vem chamando a atenção de diversos autores, tornando absolutamente necessário o monito-
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