O presente artigo apresenta e avalia uma possibilidade para o ensino sobre diversidade animal a partir de uma investigação sobre as classificações intuitivas de estudantes de uma escola de ensino fundamental no contexto do campo. A pesquisa aconteceu em uma Escola Família Agrícola no Semiárido da Bahia, por meio de oficinas das quais participaram 44 estudantes das turmas de 7º e 9º anos do ensino fundamental, no ano de 2017. Pautada nos aspectos metodológicos da pesquisa-ação, os encontros ocorreram em três momentos distintos, nos quais realizou-se um levantamento dos conhecimentos etnobiológicos dos estudantes sobre a fauna, por meio de desenhos e descrições. Os estudantes realizaram classificações intuitivas com os animais citados e, por fim, abriu-se espaço para um possível diálogo de saberes, estimulando os estudantes a perceber semelhanças ou diferenças entre os modos de agrupar os animais, sejam suas classificações intuitivas, seja a classificação filogenética. Os dados obtidos passaram por análise de conteúdo. Os resultados apontam que algumas das categorias utilizadas pelos estudantes para agrupar os animais, como “animais da caatinga”, “animais nojentos”, “animais de produção”, expressam o valor simbólico e cultural que os estudantes apresentam sobre animais que pertencem ou não ao seu ambiente e convívio. A abordagem utilizada na presente pesquisa mostra grande potencial enquanto estratégia que permite a criação de um espaço em que os estudantes possam interagir e participar, promovendo o diálogo entre professor/aluno/conteúdo.
presente trabalho relata as atividades de pesquisa realizadas junto a escolaFamília Agrícola Avani de Lima Cunha, cujo foco esteve voltado para o diálogo desaberes, por meio de oficinas interdisciplinares envolvendo a temática DiversidadeBiológica animal. Com o intuito de realizar um levantamento dos conhecimentosetnozoológicos dos estudantes da Escola Família Agrícola de Valente, de modo aconhecer as estratégias de classificação biológica utilizadas por eles, como meio depromover um diálogo entre saberes tradicionais e científicos na escola. E por fim avaliarqual a potencialidade de oficinas de ciências que versam sobre o tema da diversidade eclassificação biológica na promoção do diálogo entre saberes.A escola do campo assim como o campo, possui cultura própria, cultura esta queestá associada aos conhecimentos tradicionais, que podem ser definidos como “o saber eo saber fazer, a respeito do mundo natural e sobrenatural, gerados no âmbito dasociedade não urbano/industrial e transmitidos oralmente de geração em geração”(DIEGUES, 2000, p 30). Possuindo assim sua própria interpretação da natureza e deseus fenômenos. O homem têm utilizado diferentes modos de classificação queexpressam diferentes formas de entender e explicar o universo e os seres que nelevivem. Esse conhecimento compõe a marca de determinados grupos e não pode serdesconsiderado ou inferiorizado no processo de ensino e aprendizagem de ciências.Portanto ao trabalhar com diversidade biológica, é imprescindível, conforme Baptista(2010), a demarcação e a promoção do diálogo entre o saber tradicional e o científico.A escola em questão, desenvolve seu projeto a partir do preceito da Pedagogiada Alternância (EFA VALENTE, 2015), e neste contexto educacional, os estudantestem a oportunidade de um diálogo constante entre conhecimentos oriundos do ambientefamiliar e aqueles adquiridos no processo de educação formal, escolarizada, abre-seportanto um campo profícuo de pesquisa e intervenção, tomando os princípios teóricometodológicosda etnobiologia. A etnobiologia enquanto ciência que em essência seocupa em estudar os diferentes conceitos e conhecimentos produzidos por diferentesgrupos sociais sobre questões biológicas (POSEY, 1987), permite a articulação entrediferentes culturas e diferentes modos de conhecer e conceber a natureza, por isso,optou-se por utilizá-la como ponte pela qual se estabeleceria o diálogo de saberesdurante a realização dessa pesquisa.
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