Resumo: Este artigo trata de possíveis tensões quando usos da memória, ativismo político e comportamento ético convivem em um ambiente museológico. Para tanto, serve-se do exemplo de dois museus -o Museu Cigano Itinerante (Brasil) e o Roma Ethnographic Museum in Tarnów (Polônia) -, analisando a exposição das instituições e a fala de seus organizadores. Ambos os museus estão engendrados nos movimentos sociais cigano/romani que, por sua vez, trabalham desde os anos 1970 na relocação desse povo na sociedade. Esse novo espaço social seria o de uma nação ou grupo étnico coeso, reconhecido por outras nações, com um primeiro passo para a conquista de uma melhor qualidade de vida. Discute-se aqui que os museus constroem narrativas que exoticizam 2 e essencializam populações ciganas heterogêneas, em retóricas que encontram incompatibilidades com o meio acadêmico. O que pode ser entendido como ausência de verdade e ética por parte dos museus, no entanto, pode ser relativizado levando em consideração os diferentes objetivos e abordagens de grupos distintos que discutem problemáticas semelhantes. Palavras-chave: cigano/roma; museus; ativismo; ética. Abstract:The present article discusses possible tensions when uses of memory, political activism and ethical behavior coexist in a museological environment. Based on the example of two museums -the Museu Cigano Itinerante (Brazil) and the Roma Ethnografic Museum in Tarnów (Poland) -, what is going to be analyzed is their exhibitions and the rhetoric of their organizers. Both museums are engendered in the Gypsy/Romani social movements which, since the 1970s, aim to reposition these people within the societies they are part of. This new social space would be of a cohesive nation or ethnic group, recognized by other nations, in a first step towards a better quality of life. It is argued here that these museums construct narratives that exoticize and essentialize heterogeneous Gypsy populations, mobilizing a rhetoric which, due to its incompatibilities, is highly academically criticized. What can be deemed as a lack of truth and ethics from the museums, however, can be 1 Doutorando no Programa em Sociologia Histórica da Faculdade de Humanas da Universidade Carolina de Praga (Fakulti humanitních studií Univerzity Karlovy v Praze), sob orientação do Prof. Dr. Nicolas Maslowski.2 Aplica-se aqui uma tradução literal do conceito em inglês "exoticization" usado por Marushiakova e Popov (2011). Acredita-se que a expressão mais próxima em português -tornar exótico -não consegue carregar o mesmo significado do conceito original, pois conota uma ação aplicada unilateralmente sobre um elemento, fazendo-o exótico. Por sua vez o conceito de "exoticization" significa uma série de ações nas quais os sujeitos envolvidos são ativos e passivos, ou seja, construtores e construídos pelas representações sobre um grupo como uma comunidade separada das demais. | Revista Confluências Culturais -ISSN 2316-395Xv. 6 | n. 1 • Março de 2017 • PATRIMÔNIO/CULTURA/ARTE/ESTÉTICA/ÉTICA: imbricamentos, nervuras e fis...
The article analyses three museums – the Muzeum Romské Kultury in Czech Republic, the Muzej Romské Kulture in Serbia, and the Roma Ethnographic Museum in Poland – can be considered as elements of the Romani Nationalism. The main objective is to reflect on how these museums support a broad narrative about a common Indian origin of Gypsy/Romani populations. It is discussed how the aforementioned museums – by means of their exhibitions, websites, events or other any kind of official production – support sets of representations which allow a formation of an umbrella rhetoric about the groups known, taken and self-ascribed as Gypsies and/or Roma. The said rhetoric, then, is able to shelter all different groups within this population in a holistic manner, based on a narrative formed by essentializations, exoticizations and generalizations. The utmost layer of such practices it is an elaboration of a founding myth of their Indian Origins. This paper understands throughout that museums have a role in the process in which the concept of Roma is generalized in an attempt to rewrite and relabel Gypsy memory as a Roma history. Hence, considering the plurality that characterise the Gypsy/Romani people, it was necessary to articulate common aspects – whether truthful or not, is not the target of this article to discuss – which would legitimise this new identity, a Roma identity. This paper relies on the theories about memory, museology, sociomuseology, and the theory of representations. Key-words: Gypsy/Roma; Museums; Indian Origins; Nationalism.
This article discusses the relationship between Western donors and Romani and Romani-friendly organizations in Central and Eastern Europe after 1989. Based on literature review, interviews, reports, and websites, this paper upholds that the burst of Romani and Romani-friendly organizations in Central and Eastern Europe after 1989 primarily was made possible by financial support and expertise coming from Western organizations. Together with their work methodology, so-called donors took their own framework on understanding groupings and enforced the concept of nation upon Gypsy/Romani populations. Therefore, Western donors and Romani activists and intellectuals alike essentialized (claimed) Gypsy/Romani traits in order to support a nation-building rhetoric. These Romani activists and intellectuals, in turn, are a legacy of policies from planned economies, and they actually might represent Gypsy/Romani communities from a privileged perspective – no longer fully insiders but as a vanguard.
No ano de 2010, no vilarejo de Náhlov – localizado na região da Boêmia, norte da República Tcheca –, foi fundado o Museu dos Compatriotas Emigrantes no Brasil. Por intermédio de revisão de literatura sobre migração, museologia, além de pesquisa de campo no museu, discutimos neste artigo o papel social que esse espaço de memória vem desempenhando na comunidade local, que é composta na atualidade principalmente por população rom. Uma característica que torna tal museu de interesse para esta pesquisa é o fato de utilizar o Brasil como objeto de sua exposição, a qual é composta por uma série de fotos que representam a migração daquela região para o Brasil, principalmente no século XIX, e tem como principal objetivo melhorar a qualidade de vida da população local, por meio da atração de turistas. A instituição promove palestras e festas com o objetivo de divulgar a cultura brasileira e possui um café cujo nome é Café Brasil. Este artigo discute como essa instituição se tornou um palco para a população local, um centro de socialização, de troca entre os moradores e entre estes e os turistas
No ano de 2010, no vilarejo de Náhlov – localizado na região da Boêmia, norte da República Tcheca –, foi fundado o Museu dos Compatriotas Emigrantes no Brasil. Por intermédio de revisão de literatura sobre migração, museologia, além de pesquisa de campo no museu, discutimos neste artigo o papel social que esse espaço de memória vem desempenhando na comunidade local, que é composta na atualidade principalmente por população rom. Uma característica que torna tal museu de interesse para esta pesquisa é o fato de utilizar o Brasil como objeto de sua exposição, a qual é composta por uma série de fotos que representam a migração daquela região para o Brasil, principalmente no século XIX, e tem como principal objetivo melhorar a qualidade de vida da população local, por meio da atração de turistas. A instituição promove palestras e festas com o objetivo de divulgar a cultura brasileira e possui um café cujo nome é Café Brasil. Este artigo discute como essa instituição se tornou um palco para a população local, um centro de socialização, de troca entre os moradores e entre estes e os turistas.
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