A transição do trabalho escravo para o trabalho livre está além de ser um processo histórico simples, restrito ao preconceito com o trabalhador nacional e à vinda de imigrantes europeus. Neste artigo, demonstramos que existe uma longa disputa entre as oligarquias do Sul e as do Norte pelos trabalhadores do Ceará -os "indolentes" cearenses, como os definem na época. Ao dominarem o Estado, as oligarquias do Sul subsidiam a viagem desses trabalhadores para as fazendas de café, por intermédio da verba dos socorros públicos, que é destinada às vítimas da seca. Assim, vamos problematizar a teoria do gerenciamento da população brasileira, mediante essa evidência, baseada, neste artigo, em pesquisa histórica; e, também, demonstrar que o racismo das elites é acessório a seus interesses econômicos.
Após a realização de pesquisa etnográfica em fazendas localizadas no semiárido cearense, identificamos formas simbólicas comuns de pensamento entre os moradores de fazenda, que vão constituindo o que definimos como “estrutura de prestígio”, que nada mais é que a reconstrução da memória social desses camponeses acerca de suas experiências de parceria na economia do algodão. Em seu sistema simbólico, eles constroem, tendo como base as condições sociais derivadas do rural contemporâneo, uma estrutura de sentimentos na qual sobressai o “prestígio” que tinham no “tempo do algodão”. Assim, ressaltamos a dimensão da economia dos bens simbólicos na manutenção das relações duradouras de dependência e não a sua pobreza, dependência e submissão, como fizeram os historiadores do econômico. É a memória social dos moradores sobre o “tempo do algodão” e as relações de parceria que captamos por meio de entrevistas e de conversas informais na observação participante do trabalho rural contemporâneo, e que engendra em suas lembranças imagens honrosas de sua condição, como também uma visão de mundo complexa na qual eles reúnem as conquistas do presente com elementos característicos da dominação tradicional. Por meio de pesquisa etnográfica, de aportes teóricos da sociologia bourdeusiana e da história econômica do semiárido, discutimos a “estrutura de prestígio” dos moradores, mais precisamente, a sua formação, contradições e dissolução, ao buscar a complexidade das relações que constituem essa formação social.
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