Este artigo debate os cinemas indígenas através de sua recepção e agência frente ao público indígena e não indígena. Os relatos e análises aqui tratados se baseiam na experiência dos autores de organizar um projeto voltado para os cinemas e as artes indígenas no sul do país, a Mostra Tela Indígena. Nas quatro edições deste projeto, diversos filmes indígenas do Brasil e das Américas foram exibidos para um público composto tanto por não indígenas quanto por indígenas. O texto irá discutir os cinemas indígenas e outras expressões artísticas na mostra já citada, tratando esses cinemas como uma agência que produz novos contatos e encontros. A circulação dessas obras, junto de seus criadores, mostra como a tela do cinema é um potencial espaço de continuidade do fazer fílmico, potente espaço de encontros e de realização de uma cinecosmopolítica. Nosso intuito, desse modo, é refletir sobre os espaços pelos quais os filmes circulam e como eles agenciam novos discursos, encontros e produções.
Este trabalho analisa a construção da autoria na obra A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, na perspectiva das múltiplas agências, atores e vozes configuradoras do discurso, o qual varia entre autobiografia, discurso político, tratado cosmopolítico e crítica xamânica. Em um primeiro momento, o artigo discute brevemente a noção de autoria na tradição ocidental, marcada pela individualidade e pela propriedade; em seguida, demonstra como essa concepção é elidida em A queda do céu, que vincula a autoria à noção de “virar outro”, a partir do entrelaçamento de múltiplas vozes e imagens espirituais, resultando em uma polifonia da floresta.
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