IntroduçãoPobreza e desigualdade são temas tradicionais das ciências sociais, embora no Brasil os economistas pareçam às vezes mais preocupados com essa questão do que os sociólogos, antropólo-gos ou cientistas políticos. Poder-se-ia buscar justificar isso argumentando que a Economia está mais próxima às questões de formulação de políticas sociais, uma vez que estas envolvem opções quanto à aplicação de recursos escassos. Contudo, não é fácil explicar por que a pobreza e a desigualdade são relativamente negligenciadas nas outras ciênci-as sociais, já que -além da indiscutível dimensão ética -colocam questões teóricas tão centrais em nossas disciplinas.Como não se perguntar, por exemplo, sobre os fundamentos da solidariedade social em sociedades que exibem níveis de desigualdades tão acentuados como a brasileira? A pergunta clássica da Sociologia, "o que torna possível a sociedade?", é inevitável quando se observa que as experiências de vida de diferentes setores da população são tão discrepantes e muitas vezes incomensuráveis. O que é que preserva o status quo? Como e por que uma dada ordenação social se torna aceitável ou legítima? Parece bastante claro que a capacidade de empatia decresce significativamente à medida que nos diferenciamos socialmente do outro. Isso explica, embora não justifique moralmente, por que as tragédias e vicissitudes que abalam a classe média repercutem muito mais na mídia que aquelas que vitimam as classes baixas. Se há baixa capacidade de empatia entre setores muito díspa-res da sociedade, como se resolve a questão da cooperação?É preciso reconhecer que grupos desprivilegiados têm, sim, sido objeto de muita atenção nas ciências sociais brasileiras. Entretanto, meu argumento aqui é que, salvo notáveis exceções, tem faltado maior empenho nos estudos de caráter mais sistemático entre os cientistas sociais. Tem sido também negligenciada a análise da formulação e implementação de políticas sociais, assim como a análise de como grupos e setores particulares vivenciam e interpretam a pobreza e a desigualdade.No que diz respeito a esse último tipo de preocupação, é verdade que os muitos estudos de caso disponíveis entre nós sobre estratégias de sobrevivência visam, em última instância, lançar luz sobre a questão da pobreza. Contudo, seja por Dossiê desigualdade
No contexto do tema geral desse eventoCiência Política e Justiça Social -parece-me oportuno lembrar algumas questões que permeiam toda a prática da ciência social e, em particular, da ciência política. Quero, contudo, pensar isso no caso específico da subárea de políticas públi-cas. O tema é importante demais para ser reservado exclusivamente aos especialistas. Considero as questões a serem discutidas tão centrais que sinto-me a vontade para refletir sobre alguns pontos, ainda que, pessoalmente, eu não seja uma pesquisadora dessa área e sim uma consumidora de seus resultados de pesquisa.Como ponto de partida, quero chamar atenção para o fato de que "políticas públicas" é uma das especializações que responde mais diretamente ao imperativo da relevância na prática das ciências sociais. Seja analisando a formulação, a implementação ou os resultados de policies, os especialistas podem ver de maneira bastante clara e imediata como suas análises interpelam situações concretas, examinam tecnicamente problemas empíricos específicos e podem servir para legitimar ou deslegitimar as escolhas políticas efetivas. É precisamente esse aspecto da relevân-cia prática que mais me atrai nessa área. Ou seja, o fato de que, em princípio, ela não se furta ao imperativo da utilidade social e que, mesmo quando adota uma postura crítica, ela o faz apostando na possibilidade de cursos de ação alternativos. Em outras palavras, trata-se de uma área propositiva, pelo menos em tese.É importante salientar, porém, que contrariamente a uma crença errônea, mas persistente, a preocupação com a relevância não significa que as reflexões teóricas são rebaixadas a segundo plano. É claro que o especialista em políticas pú-blicas pode se refugiar no território técnico. Entretanto, para fazer de sua prática, mais do que uma rotina técnica, uma prática de ciência social, ele
Elite Perceptions of the Poor: Reflections for a Comparative Research Proiect AE T his ~rticlc p~esents the ~hcorctica.l foundations for an ()ngoin~ resc:lrl~h proJect on elites and theIr perceptIons of poverty and poor people within their own societies. We arc addressing this topic for t,\\'o reasons. First, virtually nothing is known about such perceptions in nlOS( so,ictics, cspl-ci,llly in less developed countries where poverty is nlost serious and where our work is mainly focused. Second, the \vay in which clites pen:eivc and define poverty can powerfully affect social policy and the quality of life of the poor.
This chapter examines how African Americans residing in New York experience specific incidents of stigmatization and discrimination. It first provides an overview of the background conditions and the place of African Americans in U.S. society in general and in the New York metropolitan area in particular, citing the latter's history of racial tension and deindustrialization. It then presents a complex portrait of African American ethnoracial groupness, with a focus on self-identification and group boundaries, before analyzing how African Americans responded when asked a series of questions about their experiences of stigmatization and discrimination, from what they call assault on worth to racism (blatant or subtle), poor service, and double standards. The chapter also considers how the respondents understand discrimination and describes variations in their experiences by class, age, and gender. Finally, it explores the group's responses (ideal and actual) to stigmatization and discrimination.
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