A psicanálise postula recomendações e técnicas para aqueles que desejem realizar atendimentos clínicos de cunho psicanalítico. Muitas destas recomendações, inclusive de autores mais contemporâneos, dissertam sobre a prática e posturas do analista que atua em consultórios particulares. Partindo da literatura e juntamente com o relato de experiência do que foi vivenciado durante as disciplinas de Estágio Profissionalizante I e II, este trabalho objetiva traçar considerações sobre a prática psicanalítica realizada no SPA, uma clínica-escola que possui regras específicas e está inserida em uma instituição maior: a Universidade. Como então as recomendações e ética da psicanálise conseguem dialogar com os discursos institucionais? Quais seriam os limites e possibilidades para a realização dos atendimentos? Serão discutidas, ainda, questões relacionadas com o tempo – do inconsciente, das sessões e do estágio, sobre a transferência e o pagamento das sessões. A partir da experiência vivenciada, pôde-se perceber que é possível se praticar a psicanálise no contexto institucional, utilizando-se do desejo particular do estagiário de construir a sua clínica a partir da experiência aliada aos postulados da teoria, como a associação livre, transferência, realidade psíquica do sujeito. A forma como se dá o manejo de alguns dos pressupostos básicos da psicanálise podem ocorrer de um modo distinto quando se opera em uma clínica-escola, entretanto, isso não significa dizer que estes não aconteçam, pois é através do diálogo com as regras da instituição que a psicanálise se faz acontecer.
O trabalho é resultado da articulação de duas teses de doutorado que tiveram o Instituto da Primeira Infância (IPREDE) como campo de pesquisa. Historicamente, comprometida com o enfrentamento a desnutrição infantil, a instituição com o tempo passa a contemplar a noção de desenvolvimento infantil de uma forma mais geral incluindo a família nas suas intervenções bem como estratégias de quebra de ciclos intergeracionais de pobreza. Dessa forma, a instituição passa a trabalhar com a noção de que os cuidados parentais são fundamentais no desenvolvimento infantil e na constituição subjetiva desses sujeitos. No entanto, essa tarefa é complexificada nas situações em que as famílias estão constantemente envolvidas em questões cruciais para a garantia da própria sobrevivência, sendo necessário pensar nas trocas intersubjetivas incluindo questões como gênero, racialidade e vulnerabilidade psicossocial. Através de uma vinheta clínica pretendemos mostrar como com frequência, o conhecimento técnico e especializado delimita as razões explicativas dos fenômenos que envolvem a infância sob uma lógica de responsabilização individual que recai na figura materna. Quando se responsabiliza a mãe pela condição do filho, promove-se, por vezes, uma experiência de desautorização, podendo provocar a negação de suas vivências e na perda do sentimento de si. Nesse cenário, circunscreve-se a urgência de pensar práticas de cuidado que se distanciem da avaliação da capacidade materna de cuidar e a ampliem a idéia de um olhar de acolhimento, apontando para uma responsabilização coletiva que permitam a vivência de uma experiência compartilhada.
Este trabalho tem como objetivo compreender as possibilidades e os avanços da teoria e da técnica psicanalítica no trabalho com o autismo; apresentando a primeira infância e seus possíveis impasses ao desenvolvimento da criança; descrevendo as possibilidades da teoria psicanalítica na clínica infantil, a partir da ferramenta IRDI, de um caso clínico da psicanalista Marie-Christine Laznik. Sobre o método, a pesquisa é do tipo descritiva, de revisão bibliográfica. A análise e coleta de dados são alcançadas por meio de leitura crítica e analítica do pesquisador, que associa ideias da obra confrontando-as e discutindo-as, a partir do referencial de teóricos psicanalistas. Assim, percebe-se como a temporalidade está em um campo importante na psicanálise e como a família (cuidador) desempenha papel significativo na formação psíquica do sujeito. Partindo dessa perspectiva, apresenta-se como um dos resultados do avanço da psicanálise a ferramenta “Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil” (IRDI), considerando que o valor do instrumento está em permitir a localização a tempo de riscos que, quando detectados e trabalhados em atendimento clínico, podem permitir à criança um processo de desenvolvimento com menos impasses. Ademais, através da pesquisa, é possível saber que existem no Brasil diversos programas e grupos de intervenção que trabalham com a temática do autismo na perspectiva psicanalítica.
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