PEDREIRA, E.V. REDDITOR LVCIS AETERNAE: Constâncio Cloro e a Reconquista da Britânia. R. Museu Arq. Etn., São Paulo, 22: 123-135, 2012. Resumo: A partir da discussão sobre as características da dominação romana na Britânia, buscamos examinar a construção da retórica imperial em torno da reconquista desta província pelo imperador Constâncio Cloro, no ano 296. Em especial, analisaremos as demonstrações do fausto imperial através das moedas e dos panegíricos que representaram Constâncio Cloro como o redditor lucis aeternae. Palavras A Britânia e o Império RomanoN este artigo temos por objetivo analisar a construção da retórica imperial romana sobre a reconquista da Britânia pelo imperador romano Constâncio Cloro (293-306), no ano 296, difundida através de suportes materiais numismáticos e por discursos laudatórios. Não obstante, como ponto inicial, estabeleceremos uma análise dos primeiros contatos entre os povos locais desta província e os romanos, assim como os resultados de tais interações.Em nossas análises acerca desses contatos entre os romanos e os povos locais, partimos dos pressupostos da teoria pós-colonial, posto que buscamos compreender as ações desses povos frente à inserção de elementos da cultura imperial romana em seus territórios. Por conseguinte, nos baseamos nos trabalhos desenvolvidos por Edward Said (1995) e Homi Bhabha (2007) para analisar como a cultura romana e as culturas locais interagiram, e de que forma elementos e práticas culturais foram mantidos, negociados e ressignificados nesse contexto de contato.Em Cultura e Imperialismo, Said afirmou que a dominação pode ser alcançada e mantida através de meios não coercitivos, como, por exemplo, as relações culturais. Nesse caso, a dependência de um dado território a uma potência sobrevive graças a determinadas práti-cas políticas, sociais e ideológicas, ou seja, um âmbito cultural geral (Said, 1995:40).Conforme proposto por Edward Said (Said, 1995:46), as culturas não são fechadas e impenetráveis, ao contrário, estão em constante transformação, uma vez que carregam marcas
Em um brevíssimo estudo sobre as dedicações epigráficas às divindades femininas plurais de quatro províncias ocidentais do Império Romano (Germânia Inferior, Bética, Gália Lugdunense e Britânia), concluímos que as populações locais não permaneceram passivas à ocupação de seus territórios, mas adotaram, rejeitaram e ressignificaram elementos da religiosidade que lhes chegavam de fora, mantendo, igualmente, elementos e práticas preexistentes. Tal estudo se insere nas atuais pesquisas sobre Império Romano, que demonstram a impossibilidade de compreendê-lo como um sistema homogêneo, no qual os romanos, entendidos como um grupo coeso e indistinto, utilizavam seu poderio bélico para subjugar populações igualmente homogêneas e pouco complexas. Ao invés, verificamos a grande heterogeneidade étnica e cultural dos membros do Exército que, aliada a variabilidade cultural presente nas províncias, possibilitou a disseminação de práticas romanizadas e regionais, bem como a criação de novas práticas emaranhadas.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.