O presente dossiê visa contribuir para os debates promovidos pela Revista Estudos Feministas sobre feminismos descoloniais e pós-coloniais, apresentando reflexões oriundas de estudos desenvolvidos em contextos africanos-Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Angola, Moçambique e África do Sul. Apresenta artigos de pesquisadoras e docentes vinculadas a universidades nesses países, com uma formação marcada pelo trânsito, através dos estudos de pós-graduação em universidades africanas, brasileiras e europeias; mas também, por pesquisadoras brasileiras e uma autora argentina, docentes e pós-graduandas que desenvolvem estudos em contextos africanos. Desse modo, as singularidades dos dados de campo são trabalhadas desde diferentes perspectivas teóricas e formações. O dossiê reúne uma diversidade temática-das narrativas musicais de mulheres, ao trabalho e participação na vida pública, feminismos, homossexualidade, raça e suas interseccionalidades-e, em alguns casos, apresenta o esforço de um olhar comparativo ou beneficiado pelo contraste decorrente da pesquisa realizada em outros contextos nacionais. No primeiro artigo, "Para além dos Feminismos: uma experiência comparada entre Guiné-Bissau e Brasil", Angela Figueiredo e Patrícia Godinho Gomes debruçam-se sobre as articulações entre gênero e raça no Brasil e em Guiné Bissau. Levando em consideração as especificidades de cada processo histórico, as autoras enfrentam o desafio de um olhar comparativo sobre esses contextos, desde a experiência comum de ex-colônias portuguesas
ResumoO objectivo deste artigo é refletir sobre uma "nova realidade" que a sociedade caboverdiana tem conhecido a partir dos anos 1990 no que diz respeito às migrações, especialmente à presença de imigrantes provenientes da África Ocidental. Para o efeito, recorre-se a um conjunto de histórias, rumores e outros materiais que emergiram sobre esses indivíduos, possibilitando alguns discursos aliados às dinâmicas de identidade, diferença e representação. Trata-se, assim, de um trabalho no qual se discorre a respeito de processos de racialização neste contexto imigratório onde tanto o cabo-verdiano como o imigrante oeste-africano se reconhecem racializados. Palavras-chave: Imigração. Imigrante oeste-africano. Racialização. Cabo Verde. AbstractThe aim of this article is to reflect on a "new reality" that the Cape Verdean society has known since the 1990s as regards migration, especially to the presence of immigrants from West Africa. Therefore, we resort to a set of stories, rumors and other materials that have emerged on these subjects allowing some discourses coupled to the dynamics of identity, difference and representation. Thus, it is an essay about the processes of racialization in the immigration context where both the Cape Verdean as the West African immigrant are racialized.
O objetivo deste artigo é reconstituir, desde uma perspetiva eurocêntrica, o modo como se objetivam as migrações, hoje, em Cabo Verde, em que circunstâncias a imigração é pensada e as condições de possibilidade para pensá-la fora dos moldes que a encaixam numa forma ocidental, estática, onde a feitiçaria aparece como um obstáculo a essa relação de dominação.
Resumo A reflexão proposta toma o caso de Cabo Verde para ilustrar a hipótese de que nem mesmo nas nações africanas pós-coloniais se desmantelou o racismo colonialista do quotidiano e, sobretudo, não se conseguiu demolir a antinegritude como afeto predominante na configuração do socius pós-colonial. O texto compreende três momentos analíticos, tomando como objetos: (i) comentários de internautas leitores de um importante jornal do país a respeito de um dos traços mais racializados do carnaval cabo-verdiano; (ii) reflexões de imigrantes a respeito da relação entre cabo-verdianos e os imigrantes africanos; (iii) a história de vida de um imigrante, para descortinar nela traços de antinegritude tramando as relações dos próprios imigrantes entre si.
A noção de interseccionalidades emerge da experiência política de feminismos negros e pauta as dinâmicas entrecruzadas que estão na base de desigualdades sociais como gênero, raça, sexualidades e classe. Dessa perspectiva, ela é tomada como uma possibilidade de produzir teoria e para se questionar analiticamente diversas experiências e contextos, gerando novas lições acerca dos processos de dominação. Além de uma ferramenta metodológica central; nas vivências e ações políticas, se apresenta como um campo aberto de resistências às narrativas e práticas hegemônicas ocidentais. Neste texto, apresentamos os artigos que compõem o Dossiê Interseccionalidades, direitos e políticas, com atenção à diversidade de abordagens e contribuições que permitem expandir a densidade dos fundamentos epistemológicos nas ciências sociais, como na práxis política.
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