Este estudo objetivou avaliar o padrão das desigualdades geográficas e sociais no acesso aos serviços de saúde em 2003 e compará-lo com o padrão existente em 1998, usando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A população estudada foi de crianças e adultos residentes em áreas urbanas que referiram restrição de atividades nos últimos 15 dias nas duas pesquisas. A variável dependente foi o uso de serviços de saúde nos 15 dias que antecederam a entrevista. Os modelos de uso de serviços de saúde testados foram controlados por idade e sexo, e incluíram renda familiar per capita, escolaridade, grande região e alguns estados da federação. O estudo reafirmou o padrão de que no Brasil o acesso é fortemente influenciado pela condição social das pessoas e pelo local onde residem. Este padrão existe tanto para os adultos como para as crianças. Houve alguma diminuição das desigualdades sociais no acesso, mas as desigualdades geográficas no acesso aumentaram no período de estudo. Na região Sul, uma das mais desenvolvidas do país, persiste um padrão de forte desigualdade social e o estado do Rio Grande do Sul destaca-se pela magnitude das desigualdades sociais no acesso. A amostra da PNAD apresenta limitações para estudos de eqüidade na utilização de serviços de saúde no âmbito estadual.
Este estudo examinou os efeitos de características da população e geográficas na chance de mamografia, no Brasil em 2003 e 2008. A partir do Suplemento Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, foram analisados os padrões de mamografia em mulheres com 25 anos ou mais, por meio de razão de prevalências, e em mulheres com 40 anos ou mais, por meio de regressão logística multivariada, incluindo o local de residência e a distribuição geográfica da oferta. Entre as mulheres com 50-69 anos, 54,6% relataram ter feito mamografia, em 2003, e 71,5%, em 2008. A chance de realização do exame é maior entre as de 50 a 69 anos, aumenta com a renda familiar e escolaridade, dentre as casadas, para as que consultaram médico e têm plano de saúde. Residir em área metropolitana triplica a chance de mamografia. Comparado com a região Norte, residentes das demais regiões têm chances maiores e a distância influencia negativamente a realização do exame. No período, a cobertura aumentou na faixa etária alvo da política nacional, com redução das desigualdades de renda e de escolaridade. A ampliação do acesso parece mais ligada às políticas de aumento de renda e inclusão social, e à ampliação da oferta de exames na rede pública e conveniada, do que ao aumento do número de mamógrafos.
Este estudo analisa o fluxo de pacientes atendidas com câncer de mama, no Brasil, no âmbito do SUS, segundo o tipo de tratamento recebido. Foram identificadas redes de atenção oncológica com base nas informações do Sistema de Informações Hospitalares e do Sistema Informações Ambulatoriais de Alta Complexidade em Oncologia, relativas ao período 2005-2006, utilizando os programas TabWin e TerraView. O atendimento está amplamente distribuído pelo território nacional, com forte concentração nos maiores centros, e indícios de escassez de atendimento mesmo nas regiões onde a oferta de serviços é maior. Grande proporção das pacientes reside a mais de 150km do local de atendimento. A identificação das redes constitui ferramenta com aplicação importante no planejamento e na melhoria da distribuição dos serviços, considerando que o acesso geográfico é relevante para o desfecho do tratamento. A redução das taxas de morbidade e mortalidade depende da identificação precoce, pois, uma vez identificado o caso, o tratamento adequado e ágil concorre para reduzir os impactos da doença.
OBJECTIVE:To analyze fl ows of travel between place of residence and health care services by children and adolescents with cancer. METHODS:The fl ows of travel between place of residence and the health care service for children and adolescents receiving care in Brazil's Unifi ed Health System (SUS) were monitored between 2000 and 2007. The unit of analysis was the health care district. The geographical information system data and network methodology, by type of treatment received (chemotherapy and radiotherapy) and hospital admissions were used. RESULTS:The SUS made 465,289 authorizations for chemotherapy, 29,151 for radiotherapy and 383,568 for hospital admissions for the treatment of children and adolescents with a diagnosis of cancer. The dominant fl ow formed 48 networks for chemotherapy, 53 for radiotherapy and 112 for hospital admissions. Most of the volume of treatment occurred in the health districts of Brazil's 12 largest cities (with strong links between them and each having an extensive area of direct infl uence accompanying the structure of the Brazilian urban system. CONCLUSIONS:Identifying the networks formed by utilization of SUS facilities providing care for children and adolescents with cancer shows that overall most patients are covered by the existing networks. However, about 10% of travel occurs outside the dominant structure, indicating the need for alternative regionalization. These results show the importance of planning the distribution of services to meet the population's needs.
This article presents two types of networks organized according to patient caseload in health services, concerning both primary hospital care (most frequent hospital procedures) and tertiary care (high-cost procedures). Data on inpatient care in Brazil in 2000 obtained from the Hospital Information System of the Unified National Health System were aggregated by place of residence and hospital location at the municipal level. Both the network structure and the node (municipality) hierarchy were established using the dominant flow approach. In addition, a typology of flows was applied to indicate the degree of connection across the networks. Primary hospital care networks reach most of the country, and few municipalities are not connected to the network. Relatively few cities provide higher-level services, and almost half of the municipalities are unconnected. The Ministry of Health aims to provide access to frequently used health services near the users' place of residence, and this goal appears to be feasible in the short run. On the other hand, much remains to be done to ensure widespread access to tertiary care.
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