A aproximação de muitos profissionais de saúde com o movimento da Educação Popular e a luta dos movimentos sociais pela transformação da atenção à saúde possibilitaram a incorporação, em muitos serviços de saúde, de formas de relação com a população bastante participativas e que rompem com a tradição autoritária dominante. Contribuíram muito na desconstrução do autoritarismo dos doutores, do desprezo ao saber e à iniciativa dos doentes e familiares, da imposição de soluções técnicas para problemas sociais globais e da propaganda política embutida na forma como o modelo biomédico vem sendo implementado. No entanto, não basta alguns saberem fazer. É preciso que esse saber seja difundido e generalizado nas instituições de saúde. O avanço da força dos grupos políticos ligados aos movimentos sociais do Brasil vem criando condições institucionais para superar a fase em que essas práticas de saúde mais integradas à lógica de vida da população aconteciam apenas em experiências alternativas pontuais e transitórias. É preciso encontrar os caminhos administrativos e de formação profissional que permitam sua generalização no SUS.
Trata-se de reflexão acerca dos encontros e desencontros entre as metodologias pedagógicas ativas e a educação popular, no contexto da formação dos profissionais de saúde. Parte-se de uma reflexão acerca das bases epistemológicas da educação popular e das principais metodologias ativas, consideradas no contexto de sua utilização na formação dos profissionais de saúde. A educação popular propõe uma fusão radical entre os meios e fins pedagógicos, já que a conscientização é ao mesmo tempo metodologia e objetivo formativo. As metodologias ativas podem ser métodos identificados com um processo pedagógico centrado no aluno e produtor de autonomia, desde que não sejam utilizadas como métodos isolados, dentro de uma lógica utilitária característica da educação bancária. Neste sentido, conclui-se que a educação popular pode ser um importante analisador das metodologias ativas, ajudando a consolidar sua utilização em processos formativos libertadores, no contexto dos cursos de saúde.
Tem havido um amplo debate entre diferentes concepções metodológicas que orientam as estratégias de combate às doenças infecciosas e parasitárias nos serviços de atenção primária à saúde, algumas delas enfatizando o envolvimento da população na busca de soluções. Este trabalho se baseia em pesquisa realizada em um centro de saúde da periferia de Belo Horizonte entre 1994 e 1997, com o objetivo de contribuir na explicitação, de forma mais clara, da metodologia de educação popular em saúde adequada ao atual contexto institucional e de analisar o seu significado no combate às doenças infecciosas e parasitárias. Neste centro de saúde, ao se procurar dinamizar as suas práticas educativas, buscou-se identificar e entender os bloqueios e potencialidades existentes no relacionamento entre os profissionais e a população. Procurou-se esclarecer a forma como as questões culturais, cognitivas e subjetivas dificultam e favorecem o funcionamento de um serviço de saúde. Trata-se, portanto, de uma pesquisa-ação com ênfase na observação participante em que o envolvimento com os problemas de saúde de crianças desnutridas foi desencadeando uma série de mudanças no relacionamento do serviço de saúde com a comunidade local.
RESUMO:A dimensão espiritual sempre esteve presente em grande parte das práticas de educação popular, mas de forma não claramente reconhecida nas análises teóricas. O instrumental teórico dos estudos sobre espiritualidade permite entender muitas dimensões emocionadas e simbólicas que são marcas centrais da dinâmica educativa destas práticas. Este trabalho procura refletir o significado da espiritualidade como instrumento e espaço de relação educativa entre profissionais e usuários dos serviços de saúde, na luta pela saúde, foco usualmente não discutido nos estudos teóricos predominantes sobre o tema.
Palavras-chave:Espiritualidade. Educação popular. Educação popular em saúde. Espiritualidade na saúde.
SPIRITUALITY WITHIN POPULAR EDUCATION IN HEALTH
ABSTRACT:The spiritual dimension has always been present in most of the popular education practices, but without a clear recognized form of theoretical analysis. The theoretical instrument derived from studies of spirituality helps to better understand dimensions linked to emotions and symbols, which are central to the educative dynamic of those practices. This work tries to reflect on the signification of spirituality as an instrument and space of educative relationship in-between professionals and users of health services in their fights for health. Such a focus is usually not discussed in the predominant theoretical studies of this field.
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